34º Congresso Brasileiro de Medicina do Exercício e do Esporte e Simpósio Pan-Americano de Medicina do Esporte

Dados do Trabalho


Título

Liberação Endoscópica de Síndrome Compartimental Crônica Secundária a Prática Esportiva. Relato de Caso

Introdução e Objetivo

Autores: JAN WILLEM CERF SPREY, Emillyo César Neves Ferreira, Giovanna Andrade Sperandio, Giulia Soares Dias, Rodrigo Domingues Yamashita, Fernando Souto Dias
Instituição: Irmandade da Santa Casa De Misericórdia De São Paulo

A Síndrome Compartimental Crônica por Esforço (SCCE) é uma condição muito frequente em atletas, a teoria mais aceita é que o compartimento inelástico não se adapta ao aumento do fluxo sanguíneo e do volume muscular durante o exercício físico. Consequentemente, a pressão dentro do compartimento pode aumentar em até 20%, comprometendo a perfusão e a demanda metabólica locais. A SCCE ocorre principalmente na perna, correspondendo a mais de 95% dos casos, mais comumente no compartimento anterior, seguido do compartimento lateral, posterior profundo e, por último, posterior superficial. O padrão ouro para o diagnóstico da síndrome é a pressão intracompartimental. Há outros métodos, como a ressonância magnética(RM) e tomografia computadorizada(TC) , pré e pós exercício. O tratamento é com a repouso, uso de palmilhas, fortalecimento muscular, alongamento e crioterapia local. Nos casos refratários, a cirurgia é indicada. Tanto a fasciotomia, quanto a fasciectomia apresentam resultados satisfatórios, com resolução total dos sintomas e retorno às atividades. O estudo busca relatar o caso de um paciente jovem, atleta recreativo, diagnosticado com SCCE e submetido à fasciotomia via endoscópica, sem complicações intra e pós cirúrgicas e com retorno às atividades básicas um dia após o procedimento.

Casuística e Método

Relato de caso.

Resultados

Paciente do sexo masculino, 21 anos, atleta recreativo de basquete, previamente hígido, procurou o Ambulatório de Medicina Esportiva em 2021, com queixa de dores nas duas panturrilhas, de início em 2019. Os sintomas retornaram no início de 2021, com o retorno às atividades. Feito RM de membros inferiores com repouso e após 5 minutos de esforço, a qual evidenciou edema difuso e aumento volumétrico dos grupamentos musculares nas porções proximais dos compartimentos anteriores e fibulares, além dos grupamentos posteriores superficiais - o que concluiu, junto à suspeita clínica, o diagnóstico de SCCE. Na cirurgia, foram feitas incisões com 3cm, sendo duas laterais e duas mediais, em ambas as pernas. As superiores à 5cm inferiores à linha articular e as inferiores 10cm superiores aos maléolos. A cabeça da fíbula foi usada como referência para a incisão lateral. Há a colocação da cânula endoscópica para a passagem do fio inabsorvível de grosso calibre, que realiza a elevação do tecido subcutâneo para a visualização da fáscia muscular e sua liberação com tesoura endoscópica, nos lados medial e lateral, liberando os compartimentos lateral, anterior, posterior profundo e superficial. Paciente teve alta no dia seguinte à cirurgia, sem novas queixas, com perfusão, sensibilidade e motricidade preservados. Dois dias depois, iniciou a fisioterapia.

Discussão

A SCCE é ocorre em decorrência ao aumento do volume muscular e do fluxo sanguíneo local de uma forma desproporcional à elasticidade da fáscia, com prejuízo da perfusão e da demanda metabólica. Ocorre principalmente nos atletas competitivos, em particular, nos corredores e saltadores. Os sintomas típicos são dor localizada em uma região muscular específica, bilateralmente, com início gradual durante o exercício físico e melhora após o término da atividade. O tratamento cirúrgico é indicado quando o conservador não é suficiente. As informações a respeito da técnica cirúrgica preferível para o tratamento são limitadas, assim como suas complicações e prognóstico pós cirúrgico.

Conclusão

Este estudo de caso mostrou uma evolução pós operatória satisfatória de um paciente submetido a fasciotomia endoscópica, o que nos leva a crer na evolução da técnica cirúrgica devido à menor morbidade física e com retorno precoce.

Área

Medicina do Esporte

Instituições

Irmandade da Santa Casa De Misericórdia De São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

JAN WILLEM CERF SPREY, Emillyo César Neves Ferreira, Giovanna Andrade Sperandio, Fernando Souto Dias, Rodrigo Domingues Yamashita, Giulia Soares Dias