Dados do Trabalho

Título

O IMPACTO DO USO DE MÁSCARAS FACIAIS NA PERFORMANCE ESPORTIVA: uma revisão integrativa

Introdução e Objetivo

A pandemia da COVID-19 foi decretada pela OMS em março de 2020, e exigiu a implementação de medidas buscando minimizar a transmissão da doença, dentre elas, o uso de máscaras faciais. O uso se tornou obrigatório em áreas públicas, inclusive áreas de práticas de atividades físicas, entretanto, o impacto do uso de máscaras durante o exercício e a performance esportiva ainda não é bem compreendido. Assim, o presente estudo tem como objetivos melhor compreender esses impactos e integrar o conhecimento científico produzido acerca dessa temática até o presente momento, a fim de responder à seguinte questão norteadora: “Quais são os conhecimentos científicos produzidos nos últimos 5 anos sobre os impactos do uso de máscaras faciais na performance esportiva?”.

Casuística e Método

Trata-se de uma revisão integrativa utilizando artigos científicos de língua inglesa publicados entre 01.01.2017 a 08.06.2022 e encontrados nos seguintes bancos de dados: PubMed, Scielo e Cochrane, utilizando-se como descritores “face mask”, “sport” e "performance".

Resultados

Foram selecionados oito ensaios clínicos randomizados, dos quais a maioria estava presente na base de dados Pubmed. Estes estudos foram submetidos à análise crítica e tiveram suas informações extraídas e descritas em tabela elaborada pelos autores. Desses artigos, a maior parte foi publicada no ano de 2021 e os resultados dos estudos apresentaram divergência quanto aos impactos do uso de máscaras faciais na performance esportiva. Nesse sentido, é importante ressaltar que, apesar das diferenças apresentadas pelos artigos selecionados, os achados desses demonstraram, de maneira comum, que o uso de máscaras faciais durante a prática de exercício físico não foi capaz de promover alterações hemodinâmicas prejudiciais perceptíveis nas análises de curto prazo realizadas, mas que o mesmo uso aumentou o tempo de exercício entre 10-14%. No entanto, a análise dos efeitos do uso de máscaras faciais em performance máxima, oxigenação muscular, percepção de conforto, tempo de exaustão, VO2 máximo e pico de potência demonstraram resultados divergentes, não sendo possível estabelecer um consenso acerca da repercussão da utilização do equipamento de proteção individual em questão nessas variáveis.

Discussão

Os estudos abordados apresentaram diferenças metodológicas e resultados discrepantes, além de analisar apenas alterações e consequências do uso de máscaras na perfomance esportiva a curto prazo. Apesar disso é possível concluir a segurança a curto prazo do uso de máscaras faciais na prática de esportes por parte de indivíduos sem comorbidades associadas, mesmo com uma potencial redução do desempenho esportivo.

Conclusão

A curto prazo, observa-se que o uso de máscaras, apesar do impacto observado em variáveis relacionadas com a prática desportiva, não apresenta efeitos consideráveis na redução da performance em indivíduos saudáveis. Entretanto, conclui-se que se faz necessária a produção de novos estudos sobre a temática em questão com populações mais significativas, representativas e de composição mais heterogênea. Ademais, é importante ressaltar que essas novas pesquisas também devem compreender e comparar os efeitos dos diferentes tipos de máscaras, como as cirúrgicas, de pano e PFF2 na performance esportiva, permitindo uma análise mais abrangente e específica do impacto dessa ferramenta de proteção nas variáveis que influem no desempenho durante a realização de exercícios físicos. Por fim, é importante que pesquisas de caráter longitudinal sejam estabelecidas com os grupos selecionados a fim de acompanhar quais são os impactos do uso das máscaras faciais a curto e longo prazo na performance esportiva, permitindo uma análise mais completa e específica sobre o tópico em questão.