Dados do Trabalho
Título
Retorno precoce à atividade física pós tiroidectomia
Introdução e Objetivo
A Sociedade Americana do Cancer estima que 43.000 novos casos de neoplasias da tiróide serão diagnosticados este ano nos Estados Unidos. A maioria dos tumores de tireoide são tratados primariamente com cirurgia, tireoidectomia total ou parcial. Alguns cuidados pós operatórios são preconizados com objetivo de evitar complicações, e o retorno à atividade física deve ser individualizado de acordo com o condicionamento do paciente e o tipo de procedimento realizado. O objetivo deste relato de caso é descrever o retorno à atividade física após tireoidectomia devido arcinoma papilífero de tireoide, com realização de teste ergoespirometrico pré operatório para monitorização cardiovascular, bem como aplicação da escala de Borg, avaliação de composição corporal e dosagem de hormônios tiroidianos no seguimento pós operatório.
Casuística e Método
Relato de caso de paciente de 34 anos, sexo masculino, sem queixas ou comorbidades, ativo físicamente, diagnosticado com carcinoma papilífero de tiroide e submetido à tiroidectomia total. A composição corporal pré e pós operatória foi avaliada por meio da bioimpedância, assim como exames laboratoriais e seguimento hormonal. O paciente realizou ergoespirometria pré operatória para avaliação cardiovascular e definição de limiares respiratórios utilizados na prescrição do exercício pós cirúrgico. A intensidade do exercício foi avaliada subjetivamente pela Escala de Borg. O protocolo proposto foi repouso no primeiro dia pós operatório, seguido de exercício contínuo de intensidade leve a moderado em bicicleta estacionária, mantendo uma variação de 10% da frequência cardíaca atingida no primeiro limiar ventilatório nos primeiros dez dias. Do décimo ao décimo quarto dia pós operatório, a intensidade foi gradativamente aumentada, mantendo exercícios moderados. Treino intenso intervalado foi iniciado no décimo quinto dia e a partir do vigésimo segundo dia o paciente iniciou treinamento de força.
Resultados
Paciente evoluiu com redução do percentual de gordura corporal de 16,5% para 16,2%, ganho de 5,7kgs de peso, 620g de gordura e 3,2kgs de massa muscular. O seguimento hormonal do paciente não demonstrou hipocalcemia, hipoparatiroidismo bem como alterações inesperadas no perfil tiroidiano. Paciente realizou reposição hormonal com 200mcg de levotiroxina com o objetivo de reduzir níveis de TSH e manter níveis hormonais. No vigésimo oitavo dia paciente foi submetido a radiodoterapia com uso de tirotropina alfa, sem intercorrências.
Discussão
O paciente não relatou desconforto, dor ou cansaço excessivo após prática de atividade física conforme protocolo proposto. Não foi observado edema além do esperado, hematomas ou sangramentos, não foram utilizadas medicações analgésicas ou anti-inflamatórias. O exercício físico se mostrou coadjuvante na recuperação cirúrgica quando prescrito e aplicado dentro da individualidade clínica por meio do teste ergoespirométrico. Atividades que se mantenham acima do segundo limiar podem comprometer o sistema imunológico pela elevação de neutrófilos, linfócitos T e B e células NK na circulação sistêmica. Por outro lado, a atividade física abaixo do primeiro limiar é similar à esforços cotidianos e atua como agente anti-inflamatório.
Conclusão
Este relato de caso demonstra que a prática precoce de atividade física pós tiroidectomia não interferiu negativamente no êxito cirúrgico. Nenhuma intercorrência foi observada, inclusive, o paciente referiu melhora da recuperação, cicatrização e disposição com a pratica de exercício de leve intensidade, mostrando ser uma conduta segura quando bem orientado.
Área
Medicina do Esporte
Instituições
Hospital das Clínicas - São Paulo - Brasil, Irmandade Santa Casa de Misericórdia de São Paulo - São Paulo - Brasil
Autores
Nicole Nardy Paula Razuck, Jan Willem Cerf Sprey, Giovanna Andrade Sperandio, Fellipe Pinheiro Savioli, Antônio Herbert Lancha, Pedro Baches Jorge