34º Congresso Brasileiro de Medicina do Exercício e do Esporte e Simpósio Pan-Americano de Medicina do Esporte

Dados do Trabalho


Título

Efeitos do precondicionamento isquêmico sobre a percepção subjetiva da dor e o limiar de dor: um ensaio clínico randomizado placebo controlado

Introdução e Objetivo

O precondicionamento isquêmico (PCI) se caracteriza como um procedimento constituído por aplicações intermitentes de ciclos de oclusão vascular. Por ser de fácil acesso e baixo custo, apresenta-se como um recurso ergogênico atraente para aumento do desempenho de atletas, entretanto, não se tem definição concreta do protocolo mais eficiente a ser utilizado. Por isso, o objetivo do presente estudo foi comparar o efeito de diferentes pressões de oclusão de PCI sobre a percepção subjetiva da dor e o limiar de dor.

Casuística e Método

Foram recrutados 80 homens (idade: 22,10±2,86 anos; peso: 75,03±12,60 Kg; estatura: 1,75±0,07 m e IMC: 24,57±3,67 Kg.m2) saudáveis, com idade entre 18 a 35 anos, divididos aleatoriamente em quatro grupos: PCI utilizando a pressão de oclusão total (POT) (PCI-POT), PCI com 40% a mais que a POT (PCI-40%), placebo (POT-10mmHg) e controle (CONTR). O protocolo de PCI utilizado foi constituído de quatro ciclos de isquemia e reperfusão de cinco minutos para cada etapa, totalizando 40 minutos, enquanto o placebo realizou a intervenção semelhante ao PCI, mas com quatro ciclos de cinco minutos de oclusão de placebo se utilizando de uma pressão de oclusão reduzida (10mmHg), alternado com quatro ciclos de cinco minutos de reperfusão (0 mmHg). Já no grupo controle, os indivíduos permaneceram 40 minutos em repouso. Inicialmente foi realizada a avaliação da pressão de oclusão total (POT), através da utilização de um equipamento Doppler Vascular, posicionado sobre a artéria tibial posterior para capturar o momento em que pulso auscultatório fosse interrompido em decorrência da pressão exercida pelo manguito fixado na coxa do participante. Após um descanso de 10 minutos foram realizadas as avaliações subjetivas da dor pela escala visual analógica (EVA) e do limiar de dor pelo algômetro de pressão. Na sequência, os participantes realizaram o protocolo de intervenção previamente randomizado. Por fim, todos os desfechos analisados foram novamente coletados. Foi utilizado o método estatístico descritivo e análise de variância para modelo de medidas repetidas. O nível de significância foi de 5%.

Resultados

Os grupos POT-10mmHg, PCI-POT e PCI-40% apresentaram diferenças estaticamente significantes para percepção subjetiva de dor após a intervenção (Δ = 0,90; 0,90 e 0,70 respectivamente, p<0,05). Para o limiar de dor à pressão não houve diferença estatística entre os grupos e momentos.

Discussão

Entretanto, os resultados foram contrários ao esperado na pesquisa: as intervenções com o manguito de pressão tiveram aumento na percepção da dor, embora irrelevante dentro da escala de avaliação subjetiva da dor (EVA), mostrando que o próprio protocolo, possa ter gerado um efeito nocebo nos voluntários participantes. Apesar de evidenciado os benefícios do PCI na literatura, ainda existem diversas lacunas, quanto ao protocolo de utilização, pressão a ser utilizada e quanto ao mecanismo de proteção, e sua atuação no sistema neuromuscular.

Conclusão

O PCI em diferentes pressões de oclusão não foi capaz de promover redução clinicamente significante na percepção de dor e no limiar de dor.

Área

Medicina do Esporte

Instituições

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - São Paulo - Brasil

Autores

Guilherme Henrique da Silva Brandão, Carlos Alberto Toledo Teixeira Filho, Taíse Mendes Biral, Flávia Alves de Carvalho, Eduardo Pizzo Junior, Franciele Marques Vanderlei