34º Congresso Brasileiro de Medicina do Exercício e do Esporte e Simpósio Pan-Americano de Medicina do Esporte

Dados do Trabalho


Título

Equilíbrio e instabilidade mensurados pelo Star Excursion Balance Test modificado em indivíduos ativos com e sem lesão crônica de membro inferior

Introdução e Objetivo

Distúrbios musculoesqueléticos das extremidades inferiores são comumente afetados por instabilidade crônica que pode alterar respostas voluntárias e involuntárias a perturbações afetando a função. Um teste funcional utilizado na prática clínica é o Star Excursion Balance Test (SEBT) modificado que visa avaliar o equilíbrio dinâmico dos membros inferiores e caracterizar a função por meio da porcentagem de alcance em apoio unipodal. De acordo com a literatura, o SEBT modificado apresenta boa a excelente confiabilidade intra-sessão e baixos escores podem estar relacionados a fatores de risco para lesões dos membros inferiores. Portanto, o objetivo deste estudo foi verificar se há diferença de equilíbrio e instabilidade mensurado pelo SEBT entre indivíduos com e sem lesão crônica de membro inferior.

Casuística e Método

Trata-se de um estudo transversal (CAAE:48195521.6.0000.5402) com amostra de adultos entre 18 a 28 anos de ambos os sexos com e sem histórico de lesão sucedida a mais de seis meses no membro inferior. Para execução do SEBT modificado foram realizadas marcações no chão com fitas métricas nas direções póstero-medial (PM), póstero-lateral (PL) e anterior (ANT) formando um Y. O hálux do membro dominante foi posicionado no centro das marcações para o alcance ANT, enquanto para os alcances PM e PL o calcanhar deveria estar no centro. Foram realizadas familiarizações em cada direção e, em seguida, o participante alcançou o mais longe possível com o membro contralateral ao longo de cada fita métrica e retornou à posição inicial. O resultado normalizado de cada direção foi calculado pela divisão das distâncias máximas de alcance após 3 tentativas válidas pelo comprimento do membro inferior, mensurado pela distância da espinha ilíaca anterossuperior até o maléolo medial ipsilateral com o participante em decúbito dorsal. Foi realizado um modelo linear generalizado com distribuição normal e o fator utilizado foi a presença ou não de lesão. A análise estatística foi conduzida no software SPSS com nível de significância de 5%.

Resultados

A amostra foi composta por 125 participantes, sendo 59 mulheres e 66 homens, com idade média de 21.68 (2.49), altura 170.46 (8.36), peso 70.45 (13.43), onde 44 apresentavam lesão crônica de membro inferior (35,2%). Foram incluídas lesões de entorse e torsão de joelho, dor femoropatelar, tendinite de joelho, condromalácia patelar, ruptura parcial e reconstrução do ligamento cruzado anterior, lesão de menisco, lesão osteocondral no tornozelo, luxação patelar, fratura, instabilidade, entorse e ruptura de ligamento no tornozelo. Os resultados foram expressos em diferença média DM (IC95%). Não houve diferença entre pessoas com e sem lesão para nos alcances anterior -3.09 (-12.77 a 6.59), póstero-medial -4.46 (-16.00 a 7.09), póstero-lateral -1.91 (-12.68 a 8.84) e escore composto -3.16 (-13.72 a 7.41).

Discussão

Não houve diferença de equilíbrio e instabilidade mensurado pelo SEBT. Dois fatores podem ter contribuído para este resultado: a heterogeneidade das lesões incluídas que podem gerar repercussões funcionais diferentes, ou a natureza funcional do teste. Por ser um teste global que avalia a contribuição de vários desfechos para a função, o SEBT modificado pode não ser sensível para detectar instabilidade residual. Como as lesões avaliadas ocorreram a mais de 6 meses, a força e flexibilidade podem estar, ao menos parcialmente, recuperadas e compensar o déficit de equilíbrio permitindo a execução da tarefa.

Conclusão

Não houve diferença significativa de equilíbrio e instabilidade mensurado pelo SEBT modificado, entre indivíduos com e sem lesão crônica de membro inferior.

Área

Medicina do Esporte

Instituições

Universidade Estadual Paulista - São Paulo - Brasil

Autores

Ana Carolina de Jacomo Claudio, Flávia Alves de Carvalho, Eduardo Pizzo Junior, Allysiê Priscilla de Souza Cavina, Carlos Alberto Toledo Teixeira Filho, Carlos Marcelo Pastre