34º Congresso Brasileiro de Medicina do Exercício e do Esporte e Simpósio Pan-Americano de Medicina do Esporte

Dados do Trabalho


Título

Efeitos de um treinamento excêntrico associado a restrição de fluxo sanguíneo com diferentes cargas na modulação autonômica cardíaca: ensaio clínico randomizado controlado

Introdução e Objetivo

As características moleculares e neurais das ações musculares do exercício excêntrico mostraram benefícios nas adaptações favoráveis na função mecânica, adaptações morfológicas, adaptações neuromusculares e desempenho. No entanto, indivíduos com limitações físicas e/ou clínicas, não conseguem realizar treinamento com altas cargas, principalmente os exercícios excêntricos. Pensando na importância de os profissionais buscarem alternativas que apresentem suporte de segurança para diferentes populações, algumas alternativas surgiram, como o TR com restrição de fluxo sanguíneo (RFS). Os benefícios físicos e funcionais do TR associado à RFS já estão bem descritos na literatura, no entanto, menor atenção tem sido dada as respostas autonômicas e hemodinâmicas em diferentes cargas de treinamento excêntrico (TE). Dessa forma, acredita-se que o TE de alta carga associado à RFS pode apresentar respostas metabólicas anaeróbicas potencializadas e, consequentemente, refletir em menor adaptação autonômica. Portanto, a análise da VFC será útil para analisar as modificações que ocorrem após o treinamento excêntrico com RFS em diferentes cargas visto que, uma diminuição na modulação vagal está associada a um maior risco de mortalidade, eventos cardíacos e arritmias ventriculares. Assim, o objetivo do presente estudo foi avaliar o comportamento dos índices lineares analisados no domínio do tempo da VFC após seis semanas de TE com alta e baixa carga associado ou não à RFS.

Casuística e Método

Trata-se de um ensaio clínico randomizado controlado que foi composto 60 homens saudáveis com média de idade de 24,26±4,65 anos que foram submetidos a 18 sessões de um programa de TE para extensores de joelho dominante no dinamômetro isocinético randomizados em quatro grupos: TE de alta carga associado à RFS com 80% do pico de torque (PT) excêntrico (TEAC-RFS; n=16), TE de baixa carga associado à RFS com 40% do PT excêntrico (TEBC-RFS; n=15), TE de alta carga com 80% do PT excêntrico (TEAC; n=14) e TE de baixa carga com 40% do PT excêntrico (TEBC; n=15). A RFS utilizada foi de 40% da oclusão total da artéria tibial posterior, avaliada pelo Doppler, sendo mantida durante o exercício e no período de descanso entre as séries. Os índices lineares no domínio do tempo (mean HR, rMSSD e SDNN) foram avaliados uma semana antes (basal), na quarta semana (intermediária) e uma semana após o fim do programa de treinamento (final). Para as comparações entre os grupos e os momentos foi utilizado o modelo linear misto (ANOVA) para medidas repetidas seguido pelo pós-teste de Bonferroni com nível de significância de 5%. O estudo foi aceito no Comitê de ética (CAAE: 90298918.7.0000.5402) e registrado no Clinical Trials (Clinicaltrial.gov – NCT03942510).

Resultados

Houve diferença estatisticamente significante para o índice mean HR, que representa a média da frequência cardíaca, no TEAC-RFS entre o momento final e inicial com diferença média de -5,948 (-10,79 à -1,10). Para os índices rMSSD e SDNN não houve diferença significativa entre os momentos analisados, bem como não houve diferença entre os grupos.

Discussão

Houve uma redução de -5.94 bpm na média da frequência cardíaca no grupo que realizou o TE com 80% do PT com RFS sendo uma redução considerável para prevenção de eventos cardiovasculares. Vale destacar que a utilização da RFS não repercutiu em modificações na modulação autonômica cardíaca avaliada por índices lineares da VFC.

Conclusão

O TE de alta intensidade com RFS realizado por seis semanas é eficaz para diminuir a média da frequência cardíaca. Além disso, a RFS não modificou os índices lineares da VFC.

Área

Medicina do Esporte

Instituições

Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" UNESP - São Paulo - Brasil

Autores

Allysiê Priscilla de Souza Cavina, Taíse Mendes Biral, Flávia Alves de Carvalho, Fernanda Pegorin Diniz, Carlos Alberto Toledo Teixeira Filho, Franciele Marques Vanderlei