Dados do Trabalho
Título
Investigação de fatores que influenciam o teste de lunge para amplitude de tornozelo
Introdução e Objetivo
Lesões desportivas são um fardo para atletas e clubes devido ao afastamento dos treinamentos que impactam aspectos financeiros e de desempenho da equipe. Por esse motivo, a avaliação tanto preventiva quando durante a reabilitação é essencial para entender as necessidades dos atletas e estabelecer condutas adequadas em campo. Considerando os membros inferiores, que são exigidos na maioria dos esportes, a redução da amplitude de dorsiflexão de tornozelo pode prejudicar diversos movimentos impactando na função. Essa disfunção é frequentemente avaliada por meio do teste de lunge e pode estar relacionada à diversos fatores como alterações estruturais ósseas ou mesmo características dos músculos envolvidos no movimento. Considerando que uma das repercussões mais comuns após lesões é a alteração de propriedades musculares que podem impactar a força, amplitude de movimento e função do indivíduo, o objetivo do presente estudo foi investigar a relação entre o teste de lunge e características biomecânicas e viscoelásticas dos músculos tibial anterior e sóleo.
Casuística e Método
O estudo é proveniente de dados de um ensaio clínico com amostra de adultos saudáveis entre 18 e 28 anos de ambos os sexos que assinaram um Termo de Consentimento (CAAE:40230320.0.0000.5402). Os participantes compareceram ao laboratório em duas ocasiões com intervalo de 48h, em que foi realizado: I) avaliação; II) 20 min de crioterapia com bolsa térmica no tornozelo ou repouso; III) reavaliação; IV) 20 minutos de repouso; V) reavaliação. Para o teste de lunge os participantes posicionaram o hálux a 9cm em uma fita métrica no chão e realizaram tríplice flexão até tocar o joelho na parede sem levantar o calcanhar. A distância foi aumentada ou reduzida em 1cm a cada tentativa até a máxima distância alcançada sem compensações. As características musculares foram mensuradas pelo equipamento MyotonPRO®, que foi posicionado perpendicularmente sobre o ventre muscular do tibial anterior e sóleo do membro dominante, são elas: Tônus (F) em Hz, rigidez (S) em N/m, elasticidade (D) em log, tempo de relaxamento (R) em ms e creep (C). Foi realizada a análise de regressão com efeitos fixos (tempo e grupo) para medidas repetidas no software SPSS com nível de significância de 5%.
Resultados
Foram avaliados 80 voluntários sendo 46 homens e 34 mulheres com os seguintes parâmetros antropométricos descritos como média e desvio padrão (21,9±2,7 anos, 170,9±8,1 cm, 71,1±13,8 kg). É possível observar que todos os parâmetros do tibial anterior são preditores de função no teste de lunge ao longo do tempo (F: r=-0,30 P<0,01, S: r=-0,27 P<0,01, D: r=0,23 P<0,01, R: r=0,20 P<0,01, C: r=0,19 P<0,01), enquanto apenas o tônus e a elasticidade foram significativos no sóleo (F: r=-0,10 P<0,01, D: r=0,17).
Discussão
O presente estudo mostrou que as propriedades miotonométricas do tibial anterior e do sóleo apresentam correlação fraca com a dorsiflexão de tornozelo, sendo que apenas a elasticidade (6cm pro tibial e 2,6cm pro sóleo) e a taxa de alongamento muscular durante a tração (creep) (4,4cm pro tibial) influenciaram de maneira relevante o resultado. Nesse sentido, esse resultado auxilia a prática clínica uma vez que a conduta escolhida pelo terapeuta deve preconizar a flexibilidade muscular em detrimento de condutas de relaxamento quando o teste de lunge apresentar valores reduzidos. Características estruturais como a mobilidade talo-fibular que não foi investigada nesse estudo também podem influenciar o teste de lunge e deve ser avaliada para auxiliar a escolha da conduta terapêutica.
Conclusão
Alterações no teste de lunge estão relacionadas a diminuição da flexibilidade dos músculos tibial anterior e sóleo.
Área
Medicina do Esporte
Instituições
UNESP - São Paulo - Brasil
Autores
Flávia Alves Carvalho, Fernanda Pegorin Diniz, Carlos Alberto Toledo Teixeira Filho, Allysiê Priscilla Souza Cavina, Taise Mendes Biral, Carlos Marcelo Pastre