34º Congresso Brasileiro de Medicina do Exercício e do Esporte e Simpósio Pan-Americano de Medicina do Esporte

Dados do Trabalho


Título

AVALIAÇÃO DA MOBILIDADE DO OMBRO DO ATLETA DE CROSSFIT® - ESTUDO OBSERVACIONAL TRANSVERSAL

Introdução e Objetivo

O CrossFit® é um programa de treinamento e condicionamento físico que tem despertado interesse e ganhando reconhecimento entre a população que realiza atividades físicas. O ombro é sede frequente de lesões nos esportes competitivos e na literatura a incidência de lesões no ombro varia de oito a 13% de todas as lesões. Os estudos baseados em questionários encontraram o ombro como a região mais comumente acometida no CrossFit® e estudos prévios com ginastas e Levantadores de peso Olímpicos (ambos com componentes do treinamento de CrossFit®) obtiveram resultados semelhantes. O arco de movimento anormal do ombro está relacionado com desordens incluindo impacto subacromial, impacto interno e lesões labiais. O objetivo deste trabalho é avaliar o arco de movimento do ombro de atletas de CrossFit® e realizar uma comparação entre o lado dominante e não dominante.

Casuística e Método

Foi aplicado um questionário por um avaliador e a mobilidade articular foi avaliada por outro avaliador especialista de ombro e cotovelo, antes do início do treinamento, de acordo com as orientações da Sociedade Americana de Cirurgiões de Ombro e Cotovelo (ASES) e pelos parâmetros descritos por Donatelli et al para rotação lateral (RL90) e medial (RM90) do ombro com o atleta em posição supina, com o ombro abduzido a 90 graus, cotovelo fletido a 90 graus e antebraço em rotação neutra. Todas as medidas foram realizadas com goniômetro graduado e o ombro não dominante foi utilizado como parâmetro para avaliarmos possíveis ganhos e perdas do arco de movimento. A amplitude de movimento (ADM) foi calculada por meio de medida por goniometria, somando-se os valores de rotação medial e lateral do ombro em abdução de 90 graus. O Ganho de rotação lateral do ombro (GRL) e o déficit de rotação lateral do ombro (DRL) foi medido por meio da diferença entre os valores de rotação lateral em abdução de 90 graus dos ombros dominante e não dominante. E o déficit de RM (DRM) foi calculado pela diferença entre a rotação medial do ombro a 90 graus de abdução do ombro dominante e não dominante. O déficit de rotação medial maior do que 10%, em relação ao arco de movimento contralateral e o déficit de rotação medial dividido pelo ganho de rotação lateral maior do que 1, foram calculados para avaliarmos os atletas com o “ombro em risco” descrito por Burkhart et al. A variável dor foi documentada, comparada com situação de ombro em risco e mobilidade do participante.

Resultados

Foram avaliados 159 atletas de Crossfit®, sendo excluídos 28 atletas devido aos critérios adotados de não inclusão e exclusão, o que nos propiciou uma amostra final de 131 atletas. Dos 131 atletas avaliados, foram constatados 95 atletas do sexo masculino e 36 atletas do sexo feminino, a média de idade foi 33,7 anos, de peso 78 kg, de altura 1,72m, com tempo de prática médio de 41,3 meses (3,44 anos) e com frequência média de 4,95 dias na semana. Em relação à mobilidade do ombro, encontramos uma média de perda de arco de movimento (ADM) do ombro dominante de 8,58 graus. Tomando como exemplo o Todos, nós temos que a média do arco de movimento do ombro dominante foi de 135,7 contra 144,3 do Não Dominante (p-valor < 0,001).

Discussão

Burkhart (2003), descreveu o mecanismo e cálculo do ombro em risco, situação encontrada em 61,8% dos atletas de nossa amostra. A situação de ombro em risco vem sendo questionada ao longo dos anos, principalmente em atletas arremessadores,
quanto o real dano que possa ocorrer quando o atleta perde rotação medial ao ponto de prejudicar o movimento rotacional durante a atividade física, situação que pode gerar lesões labiais, impacto póstero interno com lesões do manguito rotador em sua porção articular e possíveis lesões condrais da cabeça umeral.

Conclusão

O ombro dominante dos atletas de CrossFit® adultos apresentou diferenças significativas de arco de movimento (ADM) e rotação medial quando comparado ao seu ombro não dominante.

Área

Medicina do Esporte

Instituições

IRMANDADE DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO, SÃO PAULO - SP - BRASIL - São Paulo - Brasil

Autores

João Roberto Polydoro Rosa, Melanie Mayumi Horita, Paulo Santoro Belangero , Benno Ejnisman, Diego da Costa Astur