Dados do Trabalho
Título
Cafeína melhora fadiga na COVID longa
Introdução e Objetivo
A COVID-19 é uma doença causada pelo vírus SARS-CoV-2, que surgiu na China, no final do ano de 2019, e rapidamente se espalhou pelo mundo, causando emergência de saúde pública. Essa doença pode ser assintomática, manifestar-se de forma branda ou evoluir para um quadro grave, sendo uma patologia que afeta principalmente vias aéreas mas também acomete outros órgãos. Estudo recente com 384 pacientes (idade média de 59,9 anos) e mediana de 54 dias depois de alta hospitalar por COVID-19 mostrou que, apesar de os sintomas terem melhorado no acompanhamento inicial, 69% dos indivíduos relataram fadiga persistente, 53% falta de ar e 34% tosse. A longo prazo, os efeitos da infecção por esse vírus são similares aos constatados em pacientes com Síndrome de Fadiga Crônica (SFC). A cafeína é um antagonista não seletivo de receptores adenosinérgicos envolvidos nos mecanismos de fadiga central, acredita-se que a ação ergogênica da cafeína diminui as sequelas permanentes causadas pelo vírus e melhora o desempenho dos indivíduos em atividades físicas e de memória. O objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos da cafeína em testes de capacidade física em indivíduos com sequelas crônicas do vírus COVID-19.
Casuística e Método
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Seres Humanos CAAE 52214221.1.0000.0121 (parecer 5.203.000). Estes são resultados parciais de um ensaio clínico randomizado, duplo-cego, com grupo intervenção e grupo controle, com 6 participantes de ambos os sexos, idade média de 51,6 anos e Índice de Massa Corporal (IMC) médio de 31,1, identificados com COVID longa a partir de critérios do Consenso Internacional. Os participantes inicialmente fizeram exame de eletrocardiograma, o qual era laudado por médica cardiologista, a fim de garantir a segurança da prática das atividades propostas no estudo. O grupo intervenção ingeriu cafeína, na dose de 3mg/kg, e o grupo controle usou cápsula de 300mg de amido de milho. Depois de 60 minutos da ingesta da cápsula foram feitos o Incremental Shuttle Walk Test (ISWT), a Escala de Borg, a análise de lactato sanguíneo e a Short Performance Battery. A análise estatística foi feita pelo programa GraphPad Prism, versão 8.0.2, por meio do teste t de Student ou ANOVA one-way, considerando nível de significância de 5%.
Resultados
A cafeína aumentou a distância em metros percorrida no ISWT (t6=5,165, p<0,05), bem como o tempo de execução (t6=7,389, p<0,05). Quanto aos valores de lactato sanguíneo, também houve aumento no grupo que ingeriu cafeína (t6=7,699, p<0,05). Na Short Performance Battery, novamente o grupo intervenção obteve melhor desempenho (t6=12,70, p<0,05).
Discussão
O aumento da performance nos pacientes que ingeriram cafeína relaciona-se à influência da percepção subjetiva de esforço (F=13,33, P<0,05), o que consequentemente aumentou o número de etapas do teste (t6=4,667, p<0,05) e o número de voltas realizadas (t6-9.576, p<0,05). O aumento dos valores de lactato sanguíneo provavelmente está correlacionado ao maior tempo de exercício e recrutamento de unidades motoras rápidas, com maior eficiência para o metabolismo anaeróbio. O melhor desempenho na Short Performance Battery mostra os efeitos ergogênicos da cafeína na melhora do equilíbrio e força muscular de membros inferiores.
Conclusão
A cafeína melhorou o desempenho físico na COVID longa e reduziu os principais sintomas crônicos como fadiga física, funcionalidade, desempenho e força muscular.
Área
Medicina do Esporte
Instituições
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - Santa Catarina - Brasil
Autores
Josiane Bueno Gress, Liziane Rosa Cardoso, Rodrigo Oliveira da Rosa, Vanessa Damin, Aderbal Silva Aguiar Junior