Dados do Trabalho
Título
CORRELAÇÃO DA PRÁTICA ESPORTIVA PÓS COVID E A MIOCARDITE: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
Introdução e Objetivo
A pandemia do SARS-CoV-2 resultou em um desafio global devido ao alto poder de contágio, disseminação e recuperação por aqueles que tiveram o vírus. No âmbito do esporte, a preocupação inicial dos atletas que recuperaram-se da doença era focada no sistema de vias aéreas, devido a queixas de dificuldade respiratória. Entretanto, com estudos feitos em diferentes áreas da saúde e análises clínicas é possível afirmar que o Covid-19 é uma doença que afeta múltiplos órgãos. Sendo a miocardite - inflamação viral do miocárdio com necrose dos miócitos cardíacos - uma doença com apresentações clínicas amplas, de sintomas leves como disfunção cardíaca à morte súbita (MS) em esportistas.
Divulgar e analisar a importância clínica de que atletas já infectados por coronavírus podem ter sido acometidos por lesões cardíacas e com base nisso, entender a relevância de uma triagem clínica adequada, para ocorrer retorno seguro e eficaz a práticas esportivas.
Casuística e Método
Trata-se de uma revisão de literatura, utilizando as bases de dados online Scielo e PubMed. Os parâmetros para a busca foram textos publicados na língua portuguesa e inglesa, de 2020 a 2022, utilizando descritores: covid and myocarditis and sports. Dos 78 artigos encontrados na busca foram incluídos aqueles que relacionaram a inflamação do miocárdio com a infecção pelo coronavírus em atletas, dessa forma, foram selecionados 15 artigos para compor a revisão.
Resultados
A prevalência significativa de lesões miocárdicas em infectados ocorre pelo mecanismo do vírus SARS-CoV 2, em que a enzima conversora de angiotensina 2 (ECA 2) liga-se à proteína Spike e juntas vão integrar a membrana que envolve o patógeno. Dessa forma, devido a presença do ECA 2 em diferentes órgãos, podem ocorrer complicações extrapulmonares, como a miocardite. Esta inflamação fisiopatológica é vista com o aumento de marcadores de necrose miocárdica (MNM), ao passo que a troponina (I e T), por ter maior sensibilidade e especificidade no diagnóstico, é um dos biomarcadores que detectado em elevada quantidade desregula a homeostase da contração cardíaca, pela enzima ser a precursora da ligação do Ca2+ na subunidade C da troponina e assim, iniciar o funcionamento do músculo cardíaco contraindo. Como resultado dessa desregulação, o paciente pode apresentar no momento da atividade física palpitações, fadiga, dispneia e em casos mais graves a MS.
Discussão
Diante dos dados e informações coletadas pode-se relacionar a importância de uma avaliação clínica cardíaca para pacientes que foram hospitalizados por Covid-19 ou anteriormente testaram positivo e praticam atividades físicas regulares. Com base nisso, as recomendações recentes da triagem cardíaca do retorno ao jogo (RTP) para atletas competitivos e não competitivos é uma das indicações do American College of Cardiology, sendo que a tríade que profissionais de saúde utilizam em suma é: avaliar eletrocardiograma (ECG), mediação dos biomarcadores da troponina cardíaca e ecocardiograma. Junto disso, espera-se que o paciente positivado com a lesão do miocárdio espere de três a seis meses para voltar a fazer atividades físicas de forma regular.
Conclusão
Com base na revisão feita admite-se a importância de mais pesquisas a respeito da patogenia que relaciona lesões das células miocárdicas com o novo coronavírus, devido a necessidade de conhecer os impactos a médio e longo prazo dessas alterações cardíacas. Embora não existiam diretrizes que exemplifiquem de maneira uníssona qual deve ser o manejo em pacientes anteriormente infectados que apresentam miocardite como sintoma associado, intervenções laboratoriais e exames de imagens associados com abordagens terapêuticas já conhecidos devem ser implementados, enquanto ainda estuda-se mais sobre a correlação entre a lesão miocárdica e o vírus.
Área
Medicina do Esporte
Instituições
Universidade Positivo - Paraná - Brasil
Autores
Caroline Ducci de Almeida