Dados do Trabalho
Título
Capacidade funcional de pacientes com hipertensão e diabetes na atenção primária em municípios com baixo nível socioeconômico
Introdução e Objetivo
As doenças crônicas figuram entre as principais causas de morte e incapacidades no mundo. A hipertensão arterial sistêmica (HAS) e o diabetes mellitus (DM) são condições prevalentes na população e importantes fatores de risco cardiovascular. Essas doenças podem gerar limitações físicas e funcionais, incluindo redução da capacidade funcional. O objetivo deste estudo foi avaliar a capacidade funcional de pacientes com HAS e DM na atenção primária, e identificar os fatores associados.
Casuística e Método
Trata-se de um estudo transversal que incluiu pacientes com diagnóstico de HAS e DM, em acompanhamento na atenção primária à saúde (APS), de cinco municípios com baixo índice de desenvolvimento humano (IDH) do estado de Minas Gerais. Foram coletados dados de peso e estatura corporal, perímetro da cintura, medida da pressão arterial, hábitos alimentares e prática de exercício físico. A capacidade funcional foi avaliada usando o teste de marcha estacionária de 2 minutos (TME2; valor de referência: 65 passos). As coletas foram realizadas entre julho e agosto de 2022. O índice de massa corporal foi calculado usando aplicativo desenvolvido para coleta de dados. Os dados foram analisados por estatísticas descritivas e regressão linear multivariada. Foi considerado significativo p-valor <0,05.
Resultados
O estudo incluiu 1155 pacientes (idade mediana 64 [intervalo interquartil - IQR 55-72] anos, 66,4% mulheres, 82 apresentavam diagnóstico de DM, 715 HAS, e 358 DM e HAS. O índice de massa corporal (IMC) foi de 26,97 (IQR 23,7-30,5) kg/m2, perímetro da cintura 94 cm (IQR 86-102), 32,7% referiram praticar exercício física e 30,4% usam telas durante as refeições. A mediana do número de elevações obtidas no TME2 foi de 68 (IQR 55-80), sendo que 43,5% apresentaram resultado abaixo de 65. Idade (-0.39 [intervalo de confiança - IC 95% -0.49, -0.30], sexo masculino (4.01 [IC 95% 1.56, 6.47]), tabagismo (-7.09 [IC 95% -11.58, -2.60]) e praticar exercício físico 5.70 [3.25, 8.15]) foram variáveis preditivas do resultado do TME2. Não foi observada associação entre o perímetro da cintura e o desempenho no TME2.
Discussão
O TME2 é uma alternativa para avaliação da capacidade funcional por ser rápido, prático e de fácil execução, o que o torna viável para utilização na APS. A proporção de pacientes com baixa capacidade funcional foi elevada quando comparada à literatura, mesmo em região predominantemente rural, onde a principal atividade econômica é a agropecuária. Em relação às variáveis preditoras, os resultados do TME2 estão de acordo com a literatura, exceto em relação àquelas relacionadas à obesidade, evidenciando que o teste está mais relacionado ao nível de atividade física do indivíduo. Identificar esses fatores que condicionam a incapacidade possibilita um melhor planejamento da assistência e acompanhamento do efeito de medidas de intervenção na APS voltadas a redução do hábito sedentário.
Conclusão
Neste estudo em pacientes com hipertensão e diabetes em região com baixo nível socioeconômico, foi observado que 43,5% dos indivíduos apresentaram baixa capacidade funcional pelo TME2. Idade e tabagismo foram preditivos de menor número de passos, enquanto sexo masculino e praticar exercício físico foram preditivos de melhor capacidade funcional. O próximo passo do estudo é implementar intervenção específica, visando o aumento da capacidade funcional.
Área
Medicina do Esporte
Instituições
Centro de Telessaúde do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais - Minas Gerais - Brasil
Autores
Milena Soriano Marcolino, Sueli F Fonseca, Regina M F Fonseca, Thiago B C Soares, Daisy M Santos, Polianna D Pereira