Dados do Trabalho
Título
RELATO DE CASO: LUXAÇÃO DOS TENDÕES FIBULARES EM JOGADOR DE FUTEBOL AMADOR
Introdução e Objetivo
A luxação dos tendões fibulares é uma patologia infrequente que muitas vezes é subdiagnosticada ou diagnósticada de maneira incorreta no pronto socorro. Principalmente no cenário agudo, particularmente quando está associada a entorse do tornozelo. O subdiagnóstico pode levar à lesão crônica, podendo ser causa de dor ou instabilidade do tornozelo.
O objetivo deste é relatar caso de luxação dos tendões fibulares em jogador de futebol amador provocado por entorse devido rotura dos retinaculos dos fibulares.
Casuística e Método
Jogador de futebol amador, sexo masculino, 48 anos, apresentou artralgia e limitação funcional após entorse por inversão no tornozelo direito. Ao exame clínico: dor a palpação na projeção do maléolo lateral e no trajeto retromaleolar, instabilidade dos tendões fibulares e instabilidade articular.
Paciente foi submetido a radiografia onde não foi constatada nenhuma lesão óssea e encaminhado a avaliação ultrassonográfica sendo diagnosticado tendinopatia dos fibulares e rotura dos retinaculos dos fibulares.
Resultados
A ultrassonografia também tem sido relatada como uma técnica eficaz para avaliar dinamicamente a luxação do tendão fibular, principalmente quando não pode ser claramente visível no exame físico mas existe a suspeita, sendo uma excelente alternativa a ressonância nuclear magnética (considerada padrão ouro em avaliações das lesões ligamentares do tornozelo).
Discussão
As lesões ligamentares agudas do tornozelo são comuns. A maioria delas ocorre durante a atividade esportiva entre 15 e 35 anos. Apesar da preferência dessas lesões, os protocolos de diagnósticos e tratamentos apresentam grande variação. Cerca de 10% a 30% dos pacientes com lesões ligamentares laterais apresentam sintomas crônicos.
É estimado que ocorra uma lesão em inversão do tornozelo para cada 10.000 pessoas por dia. Isso significa que aproximadamente 5.000 e 23.000 dessas lesões ocorrem no Reino Unido e Estados Unidos da América, respectivamente, a cada ano.
Em um ano de estudo, Maehlum, em Oslo, verificou que 16% das lesões esportivas eram lesões agudas dos ligamentos dos tornozelos. Na Suécia, Axelsson e seus colaboradores verificaram que 14% das lesões esportivas tratadas na unidade de emergência de um hospital central eram lesões agudas dos ligamentos do tornozelo.
A lesão ligamentar lateral ocorre, tipicamente, durante a flexão plantar e inversão, que é a posição de máximo estresse no ligamento talofibular anterior (LTFA). Por essa razão, o LTFA é mais comumente lesado durante o traumatismo e inversão. Em lesões por inversão de maior gravidade os ligamentos calcaneofibular (LCF), o talofibular posterior (LTFP) e o subtalar também podem ser lesados.
A maioria das lesões ligamentares laterais do tornozelo resolve-se espontaneamente com tratamento conservador. O programa denominado “tratamento funcional” inclui a aplicação do princípio RICE (Rest – repouso, Ice – gelo, Compression – compressão e Elevation – elevação) imediatamente após a lesão, um curto período de imobilização e proteção com bandagens elásticas ou inelásticas e exercícios de mobilização precoce seguidos de carga precoce e treinamento neuromuscular precoce. Treinamento de propriocepção com pranchas de inclinação é iniciado assim que possível, usualmente após três a quatro semanas. Seu objetivo é melhorar o equilíbrio e controle neuromuscular do tornozelo.
Conclusão
A lesão ligamentar de tornozelo é a lesão esportiva mais comum, geralmente provocada por entorse de tornozelo e pelo mecanismo de inversão. A ultrassonografia mostrou-se um excelente recurso visando conclusão diagnóstica e auxílio no planejamento terapêutico.
Área
Medicina do Esporte
Autores
FLAVIO TAVARES FREIRE DA SILVA, BERNARDO FREIRE DA SILVA ARRUDA, JULIANA ALBIM LINHARES, ANTONIO CARLOS ALVES SENA JR, NELSON ELIAS ABRAHAO DA PENHA, JOSE SILVERIO NUNES DA FONSECA