Dados do Trabalho
Título
Diferença dos parâmetros miotonometricos entre os sexos masculino e feminino e seus valores de referência
Introdução e Objetivo
A avaliação do tônus muscular e das demais características biomecânicas do músculo podem trazer informações importantes durante a reabilitação e trabalhos de prevenção de lesão, uma vez que a partir disso podemos identificar possíveis alterações e anormalidades que podem vir a representar risco de lesões. Porém, esses parâmetros podem se diferenciar entre homens e mulheres, o que torna importante a compreensão de como o tônus e as propriedades biomecânicas se comportam nos diferentes sexos, principalmente em relação aos parâmetros de normalidade. Frente a isso, o objetivo do presente estudo é avaliar como as propriedades miotonométricas se comportam em homens e mulheres e registrar os valores de referência para cada sexo, uma vez que esses valores de referência podem ser importantes para que haja um parâmetro de avaliação concreto para a reabilitação e prevenção de lesões.
Casuística e Método
Trata-se de um estudo transversal, aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa da FTC/UNESP (CAAE: 48195521.6.0000.5402), composto por 80 participantes saudáveis, homens e mulheres, de 18 a 28 anos. Foi feita uma avaliação inicial em que foi coletado dados de peso, altura, idade e presença de lesão nos últimos 6 meses. Após a avaliação inicial, foi realizada a avaliação da miotonometria no músculo tibial anterior por meio do dispositivo portátil MyotonPRO®. Para realizar a avalição, os voluntários permaneceram sentados com o músculo relaxado e o avaliador posicionou o aparelho perpendicularmente no ventre muscular, medindo três vezes cada parâmetro (tônus, rigidez e elasticidade muscular, tempo de relaxamento e creep) e foi aceito 3% de variação entre os resultados. Para a análise estatística foi utilizado Modelo Linear Generalizado com a distribuição normal. A análise foi realizada no software SPSS considerando o nível de significância de 5%.
Resultados
Os resultados foram descritos a partir de uma amostra com 80 participantes, os homens (n=49) apresentam uma média de 19.38 (tônus), 421.87 (rigidez), 0.95 (elasticidade), 13.69 (tempo de relaxamento) e 0.85 (creep), já as mulheres (n=31) apresentam uma média de 16.71 (tônus), 348.43 (rigidez), 0.97 (elasticidade), 16.08 (tempo de relaxamento) e 1.00 (creep).
O estudo encontrou que todos os parâmetros miotonométricos apresentaram diferença entre os sexos, em que os homens apresentaram maiores valores de tônus e rigidez muscular enquanto as mulheres apresentaram maiores valores para as demais variáveis, descritos a seguir por diferença média e intervalo de confiança 95%: Tônus muscular: 2,67 (1.75 a 3.59), rigidez: 73.44 (0.70 a 106.18), elasticidade: -0.02 (-0.09 a -0.4), tempo de relaxamento: -2.39 (-3.40 a -1,38) e creep: -0.14 (-0.19 a -0.8).
Discussão
O objetivo do presente estudo foi avaliar as diferenças entre os parâmetros miotonométricos entre homens e mulheres e foi encontrado que os homens apresentam tanto o tônus muscular quanto a rigidez muscular superior as mulheres, o que pode estar relacionado com a composição dos tipos de fibras musculares entre os sexos, uma vez que indivíduos do sexo masculino apresentam uma predominância de fibras do tipo 2 que são responsáveis pela contração rápida e possuem fibras de maior força intrínseca enquanto as mulheres apresentam uma predominância de fibras musculares do tipo 1, que são fibras com característica de resistência e contração mais lenta. Os valores de referência citados acima nos trazem informações que podem ser relevantes para a pratica clínica, tendo em vista que, quando o tônus muscular ou a rigidez estão mais altos ou mais baixos podem representar fatores de risco para lesão, com valores de referência é possível avaliar e identificar se existe ou não a necessidade controlar esses parâmetros, para evitar lesões e auxiliar no tratamento.
Conclusão
Os valores de tônus e rigidez dos homens foram mais altos e os valores de elasticidade, tempo de relaxamento e creep foram mais altos para as mulheres.
Área
Medicina do Esporte
Autores
Lucas Antonio Buara Arminio, Fernanda Pegorin Diniz, Maria Julia Moura Santos, Allysie Priscilla de Sousa Cavina, Eduardo Pizzo Junior, Carlos Marcelo Pastre