Dados do Trabalho
Título
Prevalência de arritmias em atletas adolescentes brasileiros pós covid-19
Introdução e Objetivo
A avaliação de atletas no período pós covid-19 continua sendo um grande desafio para os profissionais de saúde. Com os primeiros pacientes ainda em acompanhamento, as consequências em médio e longo prazo da infecção ainda estão em estudo. Na população de jovens atletas, essa avaliação assume contornos importantes devido a possibilidade do desenvolvimento de miocardite e arritmias. Objetivo: O propósito desse trabalho é avaliar a prevalência de arritmias em atletas adolescentes do sexo feminino pós covid.
Casuística e Método
Métodos: Trata-se de um estudo transversal, observacional e retrospectivo onde foram analisados prontuários de pacientes do sexo feminino, atletas, durante o período de janeiro de 2021 até dezembro de 2021, para avaliação pré-participação esportiva. Os critérios de inclusão no trabalho foram: ser atleta entre 10 e 20 anos e ter feito a avaliação cardiológica completa. Todas as atletas foram submetidas a avaliação clínica, ecocardiograma, eletrocardiograma, e exames laboratoriais com sorologia para Sars- cov- 2 e troponina. Foram considerados casos positivos para infecção atletas com resultado positivo para IgM ou IgG (vacina não disponível para a população durante a coleta de dados). Foram solicitados holter para as atletas que tiveram sorologias positivas ou sintomas clínicos como palpitações, desmaios e dor torácica, além de alterações eletrocardiográficas. Estatística: foi calculada a prevalência de arritmias na amostra e feita a análise comparativa entre infecção pós Sars- Cov-2 e arritmia cardíaca pelo teste qui- quadrado de Pearson. Todos os testes bi-caudais e valores de P<0,05 foram considerados significantes.
Resultados
Resultados: Do total de 180 adolescentes incluídas no estudo, 44 realizaram holter, sendo 35 por sorologias positivas e 9 por critérios clínicos. Dessas, 41 apresentaram arritmias ao exame, ou seja uma prevalência de 93,2% (41/44). Com relação a associação entre infecção por Sars-Cov-2 e arritmias na amostra total estudada, entre as 145 adolescentes atletas negativas para a infecção, 17 (11,7%) apresentaram arritmia cardíaca; por outro lado, entre as 35 adolescentes atletas positivas para a infecção, 24 (68,6%) apresentaram arritmia cardíaca. Esta associação foi estatisticamente significante (p < 0,001). Com relação às arritmias, as mais frequentes são: extrassístoles supraventriculares 32 (78%), extrassístoles ventriculares 16 (39%), taquicardia sinusal 15 (36.5%), Taquicardia ventricular não sustentada 1 (0,5%). Todas as atletas apresentaram troponina normal.
Discussão
Discussão: A adolescência é um período marcado por alterações cardíacas fisiológicas, principalmente quando associado ao exercício físico intenso. A miocardite nessa faixa etária é uma importante causa de morte súbita. Sabe-se que, dentre as etiologias da miocardite, o quadro pós viral é um dos mais prevalentes e que diversos vírus, incluindo o Sars-Cov-2, são capazes de desencadear esse quadro. Entretanto diferenciar as alterações morfofuncionais fisiológicas do atleta das alterações pós contágio por covid-19 necessita de uma abordagem complexa que une clínica e exames complementares, tanto radiológicos como laboratoriais. Assim, estudos mostraram que o screening cardíaco completo não deve ser sistemático, mas reservado para os casos em que o paciente demonstra sintomas como dor torácica, palpitação, fadiga ao exercício desproporcional ou na presença de arritmias.
Conclusão
Conclusão: Existe um número significativo de jovens atletas com alterações do ritmo cardíaco pós infecção por covid-19 assintomática/ oligossintomáticas sendo necessária atenção na avaliação de retorno desses atletas ao treinamento no sentido de se diferenciar o que é patológico das alterações elétricas funcionais da jovem atleta.
Área
Medicina do Esporte
Instituições
Hospital Edmundo Vasconcelos - São Paulo - Brasil
Autores
Silvana Vertematti, Julia Campos Kahakura, Renato Tambellini Arnoni, Airma de Jesus da Silva Cutrim, Valeska Leite Siqueira Marin