34º Congresso Brasileiro de Medicina do Exercício e do Esporte e Simpósio Pan-Americano de Medicina do Esporte

Dados do Trabalho


Título

Educação Física Terapêutica: Exercícios Físicos para Pacientes com Doenças Raras e Multimorbidade Incomum.

Introdução e Objetivo

Pessoas com doenças raras ou multimorbidade incomum (DR/MI) têm dificuldade para realizar exercícios físicos devido ao pouco conhecimento sobre como prescrever exercícios para esta população. Consequentemente, esse grupo de pessoas não consegue obter os benefícios da prática de exercícios físicos para a promoção de saúde. Sendo assim, estamos desenvolvendo um programa de exercícios físicos (PEF) nas modalidades presencial e remota para pessoas com DR/MI, com participação de profissional médico e de educação física. Com este trabalho, esperamos que essa população tenha acesso à prática de exercícos como promoção de saúde de forma segura.

Casuística e Método

Os pacientes são selecionados no Ambulatório de Doenças Raras do hospital universitário da UERJ (HUPE). O ingresso no PEF é precedido de análise detalhada da história clínica, e do estudo da literatura sobre possíveis limitações e riscos da prática de exercícios físicos associados às doenças do paciente. Como protocolo inicial há avaliação postural e aptidão funcional, e aplicação do questionário Q-ADOM, para avaliação da dor muscular. O planejamento individual do PEF é baseado nos resultados das avaliações. O PEF é constituído por aquecimento, exercícios aeróbicos, resistidos, alongamento, específicos e volta à calma. No PEP remoto as aulas são realizadas via Skype®, com no máximo 3 pacientes, e o exercício aeróbico é substituído por atividades rítmicas, sendo o paciente orientado a realizar caminhadas com o objetivo de acumular 150 min semanais. Tanto no PEF presencial quanto no remoto as atividades são realizadas 2 dias/sem, com 1 h de duração. O controle da intensidade do exercício é realizado através da aferição da FC, PA e escala de Borg, em repouso, ao final de cada bloco de exercícios e após a volta à calma. Na turma remota, a aferição da PA é realizada nos pacientes que possuem aparelho digital. A intensidade da dor muscular é aferida através do Q-ADOM em repouso e ao término da aula, em ambas as modalidades.

Resultados

13 pacientes foram selecionados, 9 mulheres e 4 homens, na faixa etária de 25 a 69 anos. Entre as doenças raras encontra-se: schwannomatose (1), LES com manifestações atípicas (2 confirmados, 1 em investigação); miastenia grave (1); hiperferritinemia primária sem hemocromatose (1); s. de Sjögren (1), AVC idiopático em pessoa jovem (1); transplante de fígado devido a cirrose criptogênica (1) e anemia imuno-hemolítica (1). Dentre as doenças crônicas comuns os pacientes apresentam obesidade (6); HAS (5); diabete melito (2); dislipidemia (2); osteopenia/osteoporose (2); lombalgia crônica (2); hipotireoidismo (2); fibromialgia (1); esteatose hepática (1) e metástase de câncer de próstata para osso (1).

Discussão

A análise dos testes de aptidão funcional indica que a maioria dos pacientes apresenta: valgo dinâmico dos joelhos ao sentar e levantar da cadeira; dificuldade para controlar a fase de contração excêntrica dos quadríceps ao sentar na cadeira; dificuldade para assumir a posição inicial do teste de sentar e alcançar, o que indica restrição na flexibilidade dos músculos posteriores dos membros inferiores e coluna; restrição de mobilidade dos membros superiores; dificuldade para manter o equilíbrio unipodal; e tempo de execução do up and go superior a 10 segundos. Durante os primeiros meses do projeto, 2 pacientes interromperam o PEF após um mês de participação devido ao horário do trabalho, 1 está temporariamente afastado devido a um procedimento cirúrgico e 1 interrompeu o PEF por agravamento no quadro de trombose.

Conclusão

É possível planejar um PEF para pacientes com DR/MI a partir do estudo detalhado de suas doenças, dos resultados de avaliações pré-participação, e monitoramento da intensidade do esforço durante os exercícios; aplicando exercícios específicos para cada paciente em aulas coletivas, sejam elas presenciais ou remotas. Também há drop-out alto por motivos comuns e por motivos específicos à alta carga de morbidade desses pacientes.

Área

Medicina do Esporte

Instituições

Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

Ana Beatriz Oliveira, Luciana Brasil Mattos, Pedro Guimarães Coscarelli, Joyce Ferreira Carvalho