Dados do Trabalho
Título
Reconstrução de lesão combinada do canto posterolateral e ligamento cruzado posterior em atleta amador: relato de caso
Introdução e Objetivo
Atualmente, têm-se percebido um aumento significativo na incidência de lesões do canto posterolateral (CPL), cujo principal mecanismo de lesão é o trauma direto na região anteromedial da tibia. Aventa-se que esse aumento na incidência esteja relacionado com o crescimento, principalmente dentre os mais jovens, da incidência de acidentes relacionados à prática desportiva e automobilísticos.
O CPL é formado pelos ligamentos colateral fibular lateral, poplíteofibular e pelo tendão poplíteo, e fornece contenção primária do estresse em varo do joelho, bem como a rotação posterolateral da tíbia em relação ao fêmur, além de possuírem função secundária de estabilização da translação anterior e posterior da tíbia, quando da deficiência funcional dos ligamentos cruzados. Muito por conta da intensidade do trauma necessário para romper essa estrutura, as lesões isoladas de CPL são consideradas raras, sendo normalmente combinadas com a ruptura dos ligamentos cruzados anterior (LCA) ou posterior (LCP). Dessa forma, as lesões do compartimento posterolateral representam uma potencial fonte de instabilidade residual no pós-operatório das reconstruções dos ligamentos cruzados.
Casuística e Método
Nesse relato, apresentamos o caso de um homem de 42 anos, vítima de acidente automobilístico há 5 anos. No atendimento inicial não foram constatadas lesões ortopédicas no exame clínico-radiográfico, sendo manejado, a princípio, de forma conservadora. Em avaliação ambulatorial posterior, foram evidenciadas lesões de CPL, corno posterior do menisco medial e do LCP em ressonância magnética. Após a constatação desse padrão lesional, optou-se pela realização da reconstrução em duas etapas. Em primeiro tempo, foi realizada a reconstrução do CPL e, após 6 semanas, a abordagem do LCP.
Resultados
Na primeira intervenção optou-se pela reconstrução anatomofuncional do CPL utilizando os tendões dos flexores e reinserção do tendão poplíteo. Nesse pós-operatório, o paciente permaneceu imobilizado em extensão, com órtese cruromalelolar, sem que fosse iniciada reabilitação fisioterápica. Após seis semanas, se realizou a reconstrução Inlay artroscópica do LCP, utilizando como enxerto o tendão quadricipital com dupla banda femoral.
Discussão
Dez dias após o segundo tempo cirúrgico, iniciou-se tratamento fisioterápico, buscando reabilitação motora e, com 8 meses, autorizou-se a retomada da prática de atividades físicas leves de cadeia fechada. O retorno total às práticas desportivas ocorre após 18 meses de reabilitação. Cinco anos após o procedimento cirúrgico, o paciente apresenta capacidade funcional similar àquela prévia ao acidente, sendo capaz de praticar atividades esportivas, tais como jiu-jitsu, surfe, futebol e tênis de quadra, regularmente. O paciente não apresenta queixas álgicas, relativas restrição ao movimento ou de instabilidade durante suas práticas.
Conclusão
Em suma, a reconstrução ligamentar em dois tempos realizada pela equipe permitiu ao paciente o retorno total as atividades desportivas, sem que fosse percebida perda ou diminuição de desempenho durante sua prática.
Área
Medicina do Esporte
Instituições
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – Hospital Universitário Gaffreé e Guinle - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
Victor Queiroz Ramos de Almeida, Max Rogerio Freiras Ramos, Mark de Melo Ramos, Igor de Melo Ramos, Miguel Afonso Araujo Gonçalves