Dados do Trabalho
Título
COMPARAÇÃO DO DESEMPENHO DE PESSOAS COM E SEM LESÕES DE OMBRO NO EQUILÍBRIO DINÂMICO
Introdução e Objetivo
O ombro é exposto constantemente a demandas funcionais que podem ocasionar lesões. Alterações de flexibilidade, posturais, estruturais, inativação da musculatura estabilizadora e desarranjos nos padrões de movimento, são alguns dos fatores que implicam em condições patológicas. Ao ser afetado, há perda funcional considerável por ser uma estrutura frequentemente solicitada em atividades básicas. Na triagem musculoesquelética além de inspeção, palpação, amplitude de movimento, força e integridade neurovascular, a aplicação de testes funcionais é recomendada. Devido à complexidade e alta demanda aos profissionais de saúde, é necessário a experimentação da usabilidade na prática clínica dos testes funcionais de ombro já descritos na literatura, tanto em pessoas lesionadas como não lesionadas. Um dos testes que avaliam o equilíbrio no membro superior é o Modified Upper Quarter Y Balance Test (mUQYBT), que tem demonstrado ser acessível por apresentar baixo custo e excelente confiabilidade e reprodutibilidade. Portanto, o objetivo foi verificar o desempenho de pessoas com e sem lesões de ombro no mUQYBT.
Casuística e Método
Esse estudo transversal foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE: 48195521.6.0000.5402). Os critérios de inclusão foram: indivíduos saudáveis, de ambos os sexos e idade entre 18 e 28 anos. Inicialmente foi orientada as etapas do estudo e foi aplicado um questionário para a caracterização da amostra, como: idade, peso, altura e presença de lesão de membros superiores a 6 meses anteriores a pesquisa. O equilíbrio no membro superior foi avaliado através do mUQYBT. Para realização, foram posicionadas três fitas no chão indicando as direções medial (ME), súperolateral (SL) e ínferolateral (IL). As marcações SL e IL ficaram à 90º uma da outra e a 135º da direção ME. Em posição de flexão, foi solicitado ao voluntário para manter a sustentação de peso na mão de apoio no centro das marcações, e com mão de alcance, empurrar um mini cone sob as fitas nas direções ME, SL e IL, o mais longe que conseguir sem compensação. O teste foi finalizado quando o voluntário realizasse três tentativas válidas. Todos os valores foram normalizados pelo comprimento do membro superior. A análise estatística foi realizada por meio de Modelos Mistos Generalizados com distribuição normal e matriz de covariância AR(1) com pós teste de Bonferroni. Todas as análises foram realizadas no software SPSS considerando o nível de significância de 5%.
Resultados
O estudo foi composto por 49 homens e 31 mulheres com os dados antropométricos descritos a seguir em média e desvio padrão (22.2±2.73 anos, 65.8±12.5 cm, 17.1±8.04 kg). Ao todo, 22 voluntários relataram presença de lesão de ombro há 6 meses, enquanto 58 não sofreram lesão. Os resultados foram apresentados por diferença média e intervalo de confiança de 95%. Em nenhuma das distâncias avaliadas, junto com o escore composto do teste, houve diferença entre indivíduos com ou sem lesão: escore ME= 0.00 IC(-0.04 a 0.04), escore IL=0.01 IC(-0.05 a 0.02), escore SL=0.01 IC(-0.05 a 0.03) e escore composto=-0,01 IC(-0,04 a 0,02).
Discussão
O estudo apresentado mostra que não houve diferença no desempenho de pessoas com e sem lesões de ombro no mUQYBT. Um dos possíveis motivos para os achados, é que o equilíbrio pode ter sido normalizado após 6 meses de lesão. Além disso, por se tratar de um teste com caráter dinâmico, pode ter acontecido uma adaptação proprioceptiva que fizeram com que os voluntários obtivessem resultados semelhantes. Uma alternativa para o profissional que queira distinguir pacientes com e sem lesões é utilizar testes mais sensíveis para seu objetivo.
Conclusão
Não houve diferença no desempenho de pessoas com e sem lesões de ombro no mUQYBT.
Área
Medicina do Esporte
Autores
Rúbia Stefany Moreira Galvão, Fernanda Pegorin Diniz, Nicolas Justo Schiochet, Taíse Mendes Biral, Flávia Alves de Carvalho, Carlos Marcelo Pastre