Dados do Trabalho
Título
Variação da frequência cardíaca no teste de caminhada de 6 minutos após o período de internação de pacientes por covid-19
Introdução e Objetivo
O sistema nervoso autônomo (SNA) desempenha um papel importante na regulação dos processos fisiológicos do organismo humano e dentre as técnicas utilizadas para sua avaliação, a variabilidade da frequência cardíaca (VFC) tem emergido como uma medida simples e não-invasiva dos impulsos autonômicos e de avaliação do controle neural do coração.
Nesse contexto, o Teste de caminhada de 6 minutos (TC6) é uma medida padronizada da capacidade funcional de exercício, sendo comumente empregados na avaliação do prognóstico e na resposta ao tratamento de doenças respiratórias crônicas, uma vez que, é de fácil execução, é seguro e bem tolerado.
Desta forma, o objetivo desta investigação foi analisar a variabilidade da frequência cardíaca antes e depois da realização do teste de caminhada de 6 minutos em pacientes que foram hospitalizados por covid-19.
Casuística e Método
A amostra foi composta por 41 pacientes, de ambos os sexos, positivos para covid-19 e que foram hospitalizados no Hospital Escola de Valença na condição de enfermaria ou UTI. Os dados foram coletados no Ambulatório de Medicina Integral após o paciente haver recebido alta hospitalar e encaminhado para acompanhamento médico no ambulatório de Pneumologia. Para a realização do TC6, cada paciente foi orientado a caminhar o máximo que pudesse tolerar em sua própria cadência por seis minutos, sem correr, podendo diminuir o ritmo ou interromper o teste de acordo com a sua necessidade, assim como retornar a realização do teste se possível, desde que o tempo de seis minutos ainda não tivesse sido finalizado. A FC dos pacientes foi aferida antes e após a realização do TC6 em planilha de Excel 2013 e seus valores foram comparados dentro da amostra de teste. A presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o número CAAE: 38295320.0.0000.5246.
Resultados
A média de frequência cardíaca de repouso dos pacientes antes do início do teste de caminhada foi de 92 bpm, sendo a frequência cardíaca mínima encontrada de 52 bpm e a frequência cardíaca máxima encontrada de 130 bpm. Após a execução do teste, a média da frequência cardíaca foi de 109 bmp, a frequência cardíaca mínima foi de 63 bpm e a frequência cardíaca máxima foi de 154 bmp. A variação da média da frequência cardíaca antes e após o teste foi de 17 bpm. Dos 41 participantes, 12 apresentaram variação da frequência cardíaca maior que 20%, sendo 7 mulheres e 5 homens, quando comparadas as duas aferições do teste.
Discussão
Enquanto a VFC média entre o início e o fim do TC6 nos pacientes analisados foi de 16,4 bpm, dados da literatura recente, ao utilizarem a mesma metologia em pacientes saudáveis, trouxeram valores não semelhantes aos aqui encontrados. No estudo de Diego Alves Saldanha (2016), analisando indivíduos saudáveis, em uma avaliação de 52 homens e 52 mulheres com idade entre 20-80 anos, obteve uma VFC média de 34 bmp, valor esse que representa uma variação média mais que o dobro que a dos pacientes hospitalizados no presente estudo. Compreende-se que a variabilidade da frequência cardíaca seja um indicativo positivo quanto a saúde do indivíduo, quando ocorrem em resposta às alterações metabólicas e fisiológicas. Alterações na FC em diversas situações são normais e esperadas, além de denotarem uma versatilidade da fisiologia do órgão. Sendo assim, a discrepância entre os dados obtidos na amostra hospitalizada frente ao estudo realizado com indivíduos saudáveis pode ser mais um indicativo prognóstico a ser levado em consideração.
Conclusão
Os resultados deste estudo demonstraram uma VFC média entre o início e o fim do TC6 diminuída, em relação a dados de indivíduos saudáveis, o que pode estar relacionado a uma redução do controle neural do coração dos pacientes hospitalizados. Assim sendo, os resultados mostraram-se como um indicativo para um possível maior índice de morbidade e mortalidade cardiovascular nos pacientes que passaram por internação, devido à COVID-19.
Área
Medicina do Esporte
Instituições
Centro Universitário de Valença - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
Pedro Rocha do Carmo Polonio, João Vitor Gonçalves Andrade, Caio César Raphael Albarelo, Bruna Barbosa de Athayde, Felipe Manera Scliar, Leandro Raider