Dados do Trabalho
Título
AVALIAÇÃO ECOCARDIOGRÁFICA DE ATLETAS ADOLESCENTES DE BASQUETE
Introdução e Objetivo
O exercício físico regular promove adaptações do sistema cardiovascular. O remodelamento ventricular cardíaco frequentemente se desenvolve em resposta às demandas hemodinâmicas do treinamento esportivo intensivo. Um estudo de Engel et al. relatou achados de uma análise ecocardiográfica em uma grande coorte de jogadores profissionais de basquete masculino da liga nacional americana (NBA). Sabe-se que jogadores de basquete juvenis e universitários apresentam maior incidência de morte súbita em comparação a outros grupos de atletas. O presente estudo foi realizado com o objetivo de avaliar e obter a caracterização fenotípica ecocardiográfica de adolescentes que praticam basquete regularmente em nível competitivo.
Casuística e Método
Estudo clínico observacional do tipo transversal com um grupo de 43 atletas do sexo masculino praticantes de basquete de um time da cidade de Campinas-SP, com idade entre 10 a 18 anos. Foi realizada avaliação em consulta médica pré-temporada, eletrocardiograma de 12 derivações, teste ergométrico em esteira e ecocardiograma.
Critérios de inclusão: Amostra composta por 43 atletas adolescentes que realizam treinamento regular em equipe de basquete e realizam exame médico pré-temporada.
Critérios de exclusão: jogadores portadores de patologias do sistema cardiovascular ou outras doenças conhecidas, incapacidade de compreender ou recusa em assinar o TCLE/TALE.
Resultados
A amostra composta por 43 atletas que realizaram o ecocardiograma, dentre estes, 33 passaram por consulta médica cardiológica, eletrocardiograma e teste ergométrico. A média de idade é de 14 anos (DP 2,3), peso médio 73kg (DP 18,9), altura média 180cm (DP 16), Superfície corporal (Dubois) 1,91 Kg/m² (DP 0,33). No exame de ecocardiograma a frequência média em repouso foi de 58bpm (DP 9), média de volume de átrio esquerdo de 29ml/m² (DP 5), com 5 atletas (11,6%) apresentando critérios para aumento do volume atrial esquerdo (> 34 mL/m²). Regurgitação valvar mitral foi encontrada em 5 atletas (11,6%), sobrecarga ventricular direita em 3 atletas (6,9%), aumento do volume do ventrículo esquerdo em 3 atletas (6,9%) e regurgitação aórtica em 3 (7%). Foram identificadas alterações anatômicas como forame oval patentes em 2 atletas (4,6%) e prolapso valvar mitral em 2 (4,6%). Óstios de artérias coronárias foram visualizados em topografia usual em 100% dos atletas. Não se identificaram alterações da valva aórtica e aumento do diâmetro da aorta. No teste ergométrico atingiram uma média de 11 METS (DP 1) no pico de esforço e 4 (12,5%) atletas apresentaram recuperação vagal exacerbada.
Discussão
O principal resultado deste estudo foi a incidência elevada de aumento do átrio esquerdo e do ventrículo direito ao ecocardiograma. A prática de esportes com componentes de força e resistência como o basquete leva a adaptações fisiológicas estruturais secundárias a sobrecarga de pressão e volume proporcionais a intensidade de treino juntamente com o estresse parietal, onde se observa um aumento proporcional das câmaras cardíacas, sem perda da sua função. Mesmo sendo atletas jovens e com pouco tempo de treinamento, em alguns atletas foram observadas alterações estruturais e funcionais ecocardiográficas comparados aos parâmetros normais indexados pela superfície corporal.
Conclusão
Atletas adolescentes necessitam de acompanhamento cardiológico regular com objetivo de diferenciar as adaptativas fisiológicas secundárias ao treinamento esportivo de possíveis manifestações precoces de patologias cardíacas que tendem a ser apresentar na faixa etária estudada até o início da vida adulta, as quais possam oferecer riscos de complicações cardiovasculares e morte súbita aos indivíduos que realizam treinamento regular competitivo.
Área
Medicina do Esporte
Instituições
FACULDADE SÃO LEOPOLDO MANDIC - São Paulo - Brasil
Autores
Ana Lúcia Giusti Scarsi, EDSON JR. C TEIXEIRA, CLEA SIMONE SABINO DE SOUZA COLOMBO, ALESSANDRO R ZORZI, GUILHERME DE MENEZES SUCCI