34º Congresso Brasileiro de Medicina do Exercício e do Esporte e Simpósio Pan-Americano de Medicina do Esporte

Dados do Trabalho


Título

Deficiência de Energia Relativa no Esporte (RED-S)

Introdução e Objetivo

A antiga Tríade da Mulher Atleta sofreu atualizações e hoje envolve uma patologia muito mais ampla que considera o déficit energético relativo no esporte (RED-S). Inicialmente tratava-se de uma condição principalmente em mulheres jovens atletas, com uma baixa disponibilidade de energia, podendo estar ou não acompanhada de distúrbios alimentares, disfunção menstrual e baixa densidade mineral óssea. Atualmente sabe-se que as complicações vão além de alterações endócrinas e do metabolismo ósseo, e também podem acometer o gênero masculino. O presente estudo tem como objetivo fazer um levantamento bibliográfico das principais atualizações do tema, tendo em vista sua importância na saúde do atleta e desconhecimento da mesma por muitos profissionais.

Casuística e Método

Para essa revisão foram utilizados os descritores “Mulher atleta”, “RED-S” e “Tríade da Mulher Atleta”, definidos previamente na plataforma DeCS e inseridos nas bases de dados PUBMED e SCIELO, usando como filtro publicações dos últimos 5 anos.

Resultados

Existem vários estudos no sentido de pormenorizar a fisiopatologia da diminuição da energia disponível no corpo. Contudo, sabe-se que ela é multifatorial, envolve várias cascatas hormonais e age de modo único em cada organismo. Em virtude de modificações neuroendócrinas, nota-se diminuição de leptina, de ocitocina, de insulina com alta sensibilidade e de fator de crescimento tipo insulina I (IGF-1), aumento de grelina e peptídeo YY, resistência ao GH, alteração na função tireoidiana e ativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal. Nesse sentido, alguns estudos têm demonstrado que a amenorreia hipotalâmica funcional é causada em resposta à baixa energia disponível que cursa com influência negativa no GnRH em virtude de aumento no cortisol, no hormônio liberador de corticotrofina (CRH) e na leptina. Desse modo, ocorre com frequência diminuição considerável de hormônio folículo estimulante (FSH), hormônio luteinizante (LH), estradiol, progesterona. Ademais, a diminuição de estrogênio, IGF-1, leptina e T3 são fatores que desencadeiam o comprometimento ósseo ao impactar no seu metabolismo, aumentando índice de lesões e fraturas. Nas atletas com amenorreia, além da baixa densidade óssea, percebe-se ainda anormalidades na arquitetura dos ossos.
Existem ainda outros sistemas afetados, como o sistema cardiovascular, hematológico, gastrointestinal, imunológico e psíquico.

Discussão

A etiologia multifatorial tem como principais fatores o estresse, preocupação estética, intenção de perda de peso, o exercício feito de modo excessivo e nutrição inadequada.
No tratamento existe uma linha não farmacológica, que deve ser sempre a primeira escolha, levando em conta cuidados com a nutrição, com o psicológico e com a atividade esportiva; uma farmacológica, usada em casos selecionados, que é considerada após uma tentativa falha de reestabelecimento da função normal do organismo; além de suplementação vitamínica com cálcio e vitamina D.
No que tange à prevenção de RED-S é necessária uma modificação estrutural para conscientizar os atletas e os seus cuidadores, pois, pesquisas têm mostrado que menos da metade de médicos, coaches e fisioterapeutas de atletas sabem reconhecer componentes da doença. Estudos sugerem, ainda, que o cuidado na prevenção de transtornos alimentares, mudanças em regulamentos desportivos e medidas políticas são algumas das estratégias preventivas efetivas.

Conclusão

A RED-S por seu caráter multifatorial e suas consequências deletérias, merece bastante atenção, em especial na prevenção dessa síndrome, a fim de que as mulheres atletas possam ter uma vida saudável e não sejam acometidas pelas desordens que a doença causa.

Área

Medicina do Esporte

Instituições

COMPLEXO DE SAÚDE SÃO JOAO DE DEUS - Minas Gerais - Brasil

Autores

marcella RODRIGUES COSTA SIMOES, Rodrigo Henrique Alves Pereira, Gabriela Oliveira Nascimento