34º Congresso Brasileiro de Medicina do Exercício e do Esporte e Simpósio Pan-Americano de Medicina do Esporte

Dados do Trabalho


Título

Comparação dos efeitos hipotensores pós-esforço de diferentes modelos de exercício em indivíduo obeso grau III – Um estudo de Caso.

Introdução e Objetivo

A obesidade está aumentando globalmente, com mais de 650 milhões de adultos (13%) classificados como obesos, isso é preocupante, dadas as ligações entre obesidade, doenças crônicas e mortalidade. A hipertensão também é um dos principais contribuintes para a morbidade e mortalidade em todo o mundo. Em adultos, existe uma relação direta entre obesidade e hipertensão. A obesidade é relatada como responsável por 60-70% da hipertensão incidente, e os indivíduos com obesidade são 3,5 vezes mais propensos a ter hipertensão do que os indivíduos com peso normal. Portanto, as abordagens terapêuticas para a hipertensão em si podem não ser totalmente eficazes ou suficientes para adultos com obesidade. O exercício é uma polipílula para a saúde e para a prevenção e gestão de doenças crónicas. Entre seus muitos benefícios estabelecidos, o exercício agudo tem um efeito anti-hipertensivo transitório. Entretanto, não é claro na literatura qual tipo de estímulo trás mais benefícios agudamente.

Casuística e Método

Portanto, o objetivo do presente trabalho foi avaliar os efeitos hipotensores pós-esforço de diferentes modelos de exercício em indivíduo obeso grau III. Para isso, um voluntário de 34 anos, 1,92m, 155 kg, IMC 42,05 (obesidade grau III) foi submetido a três diferentes modelos de exercícios. As sessões de treinamento foram divididas em treinamento resistido (TR), treinamento aerobio (TA) e treinamento combinado (TC), a sessão de TR teve 60 minutos (8 exercícios, 1x10 a 15 repetições, 70% 1RM) com descanso de 30 segundos entre as séries, a sessão de TA teve duração de 60 minutos de exercício aeróbio (caminhada entre 65% a 85% da FCmáxima), e A sessão de TC teve 60 minutos de duração, o sendo 30 minutos de atividade aeróbia (caminhada a 65% a 85% da frequência cardíaca) e 30 minutos de treinamento resistido (8 exercícios, 1x10 a 15 repetições, 70% 1RM). Cada sessão teve um intervalo de 48 horas de descanso. A pressão arterial foi avaliada com auxílio de um esfigmomanômetro aneroide. O voluntário foi avaliado em repouso, imediatamente após a sessão (T0), 5 (T5), 15 (T15), 30 (T30), 45 (T45) e 60 (T60) minutos após o treinamento. O indivíduo participou voluntariamente do experimento e assinou o termo de consentimento. As análises estatísticas foram realizadas pelo programa Graph Pad Prism (versão 7.0) e expressas em médias±DP para apresentação dos resultados. As comparações múltiplas dos resultados foram realizadas por análise de variância (one-way ANOVA) seguida pelo teste de Dunnett’s. Em todos os casos, o nível de significância adotado foi de p<0,05.

Resultados

Os resultados demonstraram que as alterações no comportamento da pressão arterial sistólica e diastólica foram, respectivamente: TREINAMENTO RESISTIDO - T0: 21,3% / 7,9%; T5: -11,7% / -14,65; T15: -0,7% / -17,1%; T30: -10,0% / 13,2%; T45: 6,7% / 11,7%; T60: 0,7% / 2,3%. TREINAMENTO AERÓBIO - T0: 5,4% / -1,1%; T5: -3,8% / -11,0; T15: -7,3% / -9,9%; T30: 7,9% / -1,1%; T45: -2,0% / -2,2; T60: -6,8% / -3,4% e, TREINAMENTO COMBINADO - T0: 20,7% / 5,6%; T5: -11,2% / -16,8; T15: -4,0% / 2,5%; T30: -6,3% / -6,2%; T45: 6,7% / 13,2%; T60: -3,5% / 9,3%.

Discussão

Os resultados do presente trabalho evidenciaram que os diferentes modelos de exercício determinaram quedas de pressão arterial, demonstraram ainda que, para pressão arterial sistólica as maiores reduções foram após 15 min para TR e TA e 5 min para TC. Entretanto, analisando os 60 min pós-esforço, o treinamento combinado determinou efeito hipotensor mais duradouro quando comparado com os modelos de treinamento isolados.

Conclusão

Esses dados ressaltam que as diretrizes subestimam a potente função do exercício para pacientes obesos com hipertensão. O exercício regular deve ser considerado uma das mais importantes estratégias de prevenção primária para o controle da pressão arterial e da massa corporal ao longo da vida.

Área

Medicina do Esporte

Instituições

Instituto Hope - Saúde e Qualidade de Vida - São Paulo - Brasil

Autores

Mauro Gaide Júnior, Felipe Zar Ramos, Marjory Bonfim, Ariel Bonin Breves, Rodrigo Detone Gonçalves, Wagner Garcez de Mello