Dados do Trabalho


Título

O Papel do Exercício Físico de Alta Performance no Manejo da Esclerose Múltipla: Um Relato de Caso

Introdução e Objetivo

Introdução
A esclerose múltipla (EM) é uma doença desmielinizante e inflamatória que afeta o sistema nervoso central, resultando em perda progressiva de função motora e cognitiva. Embora historicamente a prática de exercícios físicos fosse desencorajada para pacientes com EM devido ao risco de exacerbação dos sintomas, estudos recentes indicam que a atividade física pode proporcionar benefícios significativos na qualidade de vida e no controle dos sintomas.

Objetivo
O presente trabalho tem como objetivo relatar o caso de um paciente com esclerose múltipla que, após uma crise aguda e internação em unidade de terapia intensiva, utilizou exercícios de alta performance como parte de sua estratégia de manejo dos sintomas e controle da doença.

Casuística e Método

Método
Trata-se de um estudo descritivo e observacional, baseado no relato de caso de um paciente masculino de 30 anos, diagnosticado com esclerose múltipla, que após internação por agudização dos sintomas, completou diversas provas de alta performance 8 meses após o episódio.

Resultados

O paciente relatou o início dos sintomas em 2018, após tomar a vacina para febre amarela, no decorrer dos três meses seguintes os sintomas evoluíram para a perda de movimento e sensibilidade de todos os membros inferiores, com sinal de lhermitte positivo e perda dos movimentos finos dos membros superiores. Após tratamento com corticoterapia e recorrência dos sintomas, o paciente começou a incorporar a prática de exercícios físicos intensos como parte do manejo. Em 2019, completou a Corrida de São Silvestre. No ano de 2020 passou a utilizar o medicamento Natalizumabe, porém por ter o exame do vírus JC positivo manteve a medicação por apenas 1 ano até 2021 onde trocou para o Cladribina, fazendo uso profilático de medicamentos para a tuberculose junto, porém neste mesmo ano com a troca da medicação houve rejeição o que resultou em um novo surto o levando novamente para a cadeira de rodas, após tentativas de controle da crise com corticoterapia foi necessário realizar plasmaferese e troca do medicamento, onde passou a usar o kesimpta. Com o auxílio do esporte e prática de exercícios de alta intensidade realizou o controle e estabilização do quadro, levando o paciente no ano de 2022 a realizar o IronMan que consiste em um triathlon com percurso total de 226 km. Durante esse período, o paciente não apresentou novas crises, mantendo-se ativo e com controle dos sintomas.

Discussão

A inclusão do exercício físico de alta performance no tratamento da esclerose múltipla permanece controversa devido aos riscos potenciais, como fadiga extrema e fenômeno de Uhthoff (piora temporária dos sintomas devido ao aumento da temperatura corporal). No entanto, o caso apresentado mostra que, com acompanhamento adequado e estratégias personalizadas, o exercício pode ser uma ferramenta eficaz para o controle dos sintomas e melhoria da qualidade de vida. Os benefícios observados no paciente incluem melhora da força muscular, mobilidade, coordenação e equilíbrio, além de efeitos psicológicos positivos e ação imunomoduladora. No entanto, é crucial que o exercício seja cuidadosamente monitorado para evitar complicações.

Conclusão

Este relato de caso sugere que a prática de exercícios físicos intensos pode ser uma estratégia eficaz no manejo da esclerose múltipla quando associada a acompanhamento médico e orientação especializada. A experiência descrita destaca a necessidade de um enfoque individualizado e multidisciplinar, onde o exercício é utilizado de maneira sinérgica com a terapia medicamentosa. Futuros estudos devem explorar o papel do exercício em diferentes estágios da doença e em populações maiores para validar esses achados.

Área

Medicina do Esporte

Instituições

UNISA - São Paulo - Brasil

Autores

Bruno Sthefan Barbosa, Fernando Barbosa Malheiros, Iago Maciel Rodrigues, Eduardo Jose Domingues, Débora Driemeyer Wilbert