Dados do Trabalho


Título

ASSOCIAÇÃO ENTRE INSUFICIÊNCIA DOS MÚSCULOS ABDUTORES DE QUADRIL E SÍNDROME DA BANDA ILIOTIBIAL EM CORREDORES: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

Introdução e Objetivo

Devido a popularidade nas redes sociais e pela facilidade de sua prática, a corrida de rua tem adquirido cada vez mais adeptos. Consequentemente ao aumento de praticantes, a incidência de lesões tem crescido, sendo a síndrome da banda iliotibial (SBIT) uma das mais comuns entre os corredores. Uma das principais causas dessa lesão é a fraqueza dos músculos abdutores do quadril, como o glúteo médio, que compromete a estabilidade pélvica e sobrecarrega a banda iliotibial, aumentando a fricção no epicôndilo femoral lateral. Dessa maneira, este estudo busca investigar os principais fatores biomecânicos e musculoesqueléticos envolvidos no desenvolvimento da patologia.

Casuística e Método

Foi realizada uma revisão integrativa da literatura, utilizando as plataformas PubMed e SciELO. Os descritores foram "runners", "hip abductors" e "Iliotibial band syndrome", combinados com operadores booleanos. O recorte temporal foi de artigos publicados nos últimos 10 anos, em inglês e português. Após seleção, foram incluídos 5 estudos para a revisão, dentre eles revisões sistemáticas, estudo observacional transversal e relato de caso. Foram excluídos os estudos que abordavam tratamentos, os que não abordavam sobre a fraqueza dos músculos envolvidos na síndrome da banda iliotibial, ou aqueles em que a população não eram corredores.

Resultados

Os estudos revisados mostram que fatores biomecânicos, como a rotação interna do joelho e a adução do quadril, estão ligados à SBIT em corredores. A fraqueza dos músculos abdutores, especialmente o glúteo médio, é bastante comum. Essa fraqueza afeta o controle postural, resultando em maior compressão da banda iliotibial. Observou-se padrões atípicos de cinemática do quadril e joelho em corredoras com SBIT.

Discussão

Há relação entre a insuficiência dos músculos estabilizadores do quadril e a predisposição à SBIT, especialmente em corredoras, porém o papel exato dos abdutores na origem da condição ainda é incerto. Mulheres com SBIT apresentam ângulos maiores de adução do quadril, rotação interna do joelho e momento de inversão do retropé em comparação com corredoras saudáveis, sugerindo que essas alterações biomecânicas contribuem para o aumento das forças de impacto e sobrecarga na banda iliotibial. No entanto, a fraqueza muscular não é o único fator envolvido, já que em homens, a idade jovem (<34 anos) é um fator de risco identificado, enquanto em mulheres, faltam evidências conclusivas sobre fatores de risco específicos.

Conclusão

A síndrome da banda iliotibial é uma condição multifatorial, tornando difícil estabelecer uma relação causal direta entre a fraqueza dos abdutores e seu desenvolvimento. Embora essa associação seja sugerida na literatura, é necessário que futuros estudos com amostras maiores e metodologias padronizadas explorem melhor essa relação. O fortalecimento dos abdutores do quadril é recomendado como parte dos programas de prevenção, especialmente nos corredores, visando à melhora da coordenação muscular e técnica de corrida. Novos estudos sobre a cinemática do quadril e joelho podem fornecer dados mais precisos para a prevenção e tratamento da SBIT.

Área

Medicina do Esporte

Autores

João Paulo Araújo Machado, Vitoria Signori Mendes, Gabriel Cordeiro Lopes, Aimèe L Cardoso, Ricardo Mendes da Silva