Dados do Trabalho
Título
Rastreio de Distúrbios Energéticos em Atletas de Vôlei em um Núcleo Esportivo
Introdução e Objetivo
A harmonia entre a ingestão calórica em relação ao gasto de energia proveniente ao exercício é necessária para o funcionamento ideal das funções fisiológicas corporais de uma atleta de vôlei, entretanto a baixa ingestão calórica, relacionada a perturbações alimentares e dieta restritiva ou a longos períodos de gasto energético, podem resultar em uma deficiência energética relacionada ao esporte, antes chamada de tríade da mulher atleta. Para uma atleta de vôlei saudável, esse desequilíbrio energético não pode ocorrer, entretanto, principalmente na adolescência, muitos atletas priorizam a aparência física em detrimento do bem-estar. Nesse sentido, muitas podem apresentar baixa disponibilidade energética, alterações na densidade mineral e disfunção menstrual, que são os pilares da deficiência energética relacionada ao esporte. Devido à incidência variável dos sintomas, não existe mais a necessidade de apresentar todos os três componentes para ser considerado afetada pela condição. Logo, identificar de forma precoce, em atletas de vôlei, os fatores que compõem essa síndrome é essencial para reduzir o impacto em sua saúde e carreira.
Casuística e Método
A população estudada como alvo foram atletas mulheres da categoria infanto-juvenil de um Núcleo Esportivo e, para a análise, foi utilizado o Questionário de Baixa Disponibilidade de Energia no Sexo Feminino (LEAF-Q), o qual quantifica e avalia o risco desse distúrbio energético. Nesse sentido, é valido ressaltar que o LEAF-Q avalia lesões, função gastrointestinal e função menstrual, considera um risco moderado e/ou alto scores a partir de 8 pontos.
Resultados
A amostra das meninas estudadas foram de 21 atletas, de idade entre 11-16 anos, no qual as atletas de 14 anos tiveram o maior score, sendo a prevalência maior de 7 pontos, seguido pela idade de 11, 13 e 16, nos quais a tiveram o score de 4 com maior destaque, e as atletas de 15 anos com maior prevalência de 3 pontos. De modo geral, 4 meninas apresentaram 1 ponto, 3 meninas 2 pontos, 3 meninas 3 pontos, 6 meninas 4 pontos, 2 meninas 5 pontos e 3 meninas 7 pontos.
Discussão
O uso do "Low Energy Availability in Females Questionnaire" (LEAF-Q) objetiva identificar mulheres atletas em risco de deficiência energética relacionada ao esporte, a antiga tríade da mulher atleta. A sua importância como rastreio de condições afetadas pelo desequilíbrio energético permite classificá-las em um padrão de risco, entretanto, em atletas com uma idade próxima ao período da puberdade pode mascarar os resultados dessa síndrome. Isso porque a menarca pode vir acompanhada de irregularidade menstrual, e como as atletas que foram avaliadas se enquadram nesse início de ciclo, foi preciso modificar alguns aspectos do questionário. Considerando que a pontuação maior ou igual a oito pontos identifica o risco para a deficiência energética relacionada ao esporte, nenhuma das meninas se qualificou. Entretanto, muitas se aproximaram do limiar com uma pontuação de sete pontos, sendo elas a maioria de quatorze anos. Nessa faixa etária as meninas se encontram em um período de transição que pode afetar sua saúde mental, aspecto que propicia transtornos alimentares e alterações de humor que tem potencial de afetar diretamente o ciclo menstrual. Devido a esses fatores, possivelmente, essa faixa foi a que mais se aproximou na classificação em grupo de risco.
Conclusão
Portanto, para rastrear ou até mesmo evitar o desenvolvimento de um dos três pilares da tríade da mulher atleta, é fundamental a aplicação do questionário direcionado a essa temática e a conscientização das desportistas, evitando assim, problemas futuros no seu bem-estar que demandem uma intervenção médica mais incisiva e que impeçam o crescimento na carreira de vôlei. Além disso, é fundamental enfatizar possíveis intervenções nos hábitos já presentes dessas atletas, também encontrados pelo LEAF-Q, que caminham para o desenvolvimento dessa síndrome como forma preventiva.
Área
Medicina do Esporte
Instituições
Universidade Iguaçu - UNIG - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
Laura da Rocha Silveira, Vinícius Lavier Cancela Netto, João Victor Almeida da Costa, Amanda Ferreira Maia , Thayanne Franco Dias, Gabriela Francisco Mendes