Dados do Trabalho

Título

Efeitos remotos e localizados de exercícios condicionantes e suas relações com o desempenho motor

Introdução e Objetivo

A potencialização pós-ativação (PPA) é um fenômeno em que ocorre um aumento no desempenho motor após a realização de uma tarefa física condicionante. A principal hipótese para os efeitos benéficos da PPA é o aumento da fosforilação da cadeia leve de miosina. No entanto, após a realização de uma tarefa de contração voluntária, aumento na velocidade de condução neural no trato córtico-espinhal, conhecido como facilitação neural. Realizar um exercício em um membro que não está diretamente envolvido na tarefa principal é uma estratégia que pode aumentar não somente a facilitação neural, mas também a PPA, podendo explicar a melhora no desempenho motor em tarefa subsequente.
O presente projeto tem como objetivo verificar se um exercício condicionante composto por ações musculares voluntárias potencializaria o desempenho motor medido como força e endurance muscular, devido a alterações musculares ligadas à fosforilação da cadeia de miosina (PPA) ou neurais remotas.

Casuística e Método

Vinte e quatro homens fisicamente ativos foram recrutados (idade 22,39 ± 2,48 anos, altura 1,75 ± 0,07 cm, massa corporal 78,47 ± 11,13 kg e gordura 25,73 ± 3,27 %) e finalizaram todas as sete visitas. Foi utilizado um desenho do tipo ensaio clínico randomizado em arranjo crossover, com as seguintes condições: exercício localizado (extensão de joelho) e exercício remoto (flexão de cotovelo) medindo respostas cerebrais [potencial evocado motor (PEM) e período silente (PS)] através da estimulação magnética transcraniana (EMT), alterações periféricas (onda M), desempenho motor pela contração voluntária máxima (CVM) e tempo limite (Tlim) e percepção subjetiva de esforço (PSE) ao longo de 900 s.

Resultados

Observamos que o exercício condicionante realizado de forma localizado apresentou melhores resposta de desempenho na força máxima (p = 0,02). Os participantes produziram uma média de 108,75 kgf (± 13,13) no condicionamento localizado versus 106,45 kgf (± 12,89) no condicionamento remoto, com efeitos nulos para tarefa de carga sustentada (p = 0,98).

Excitabilidade córtico-espinhal
Razão PEM/onda M e PS
Não observamos efeito de interação entre o exercício condicionante e tempo de medida (p > 0,05) e efeito principal do condicionamento sobre a razão PEM/onda M (p = 0,48) e PS (p = 0,21), pois o condicionamento localizado apresentou valores semelhantes ao exercício remoto.

Respostas musculares
Razão CVM/onda M
Não efeito principal de interação entre exercício condicionante e tempo de medida sobre os valores da razão CVM/onda M (p = 0,80). Entretanto, observamos efeito principal do exercício condicionante (p = 0,01), pois houve maior razão CVM/onda M após o exercício condicionante localizado quando comparado ao condicionamento remoto.

Percepção subjetiva de esforço
Os resultados não revelaram efeito de interação entre exercício condicionante e tempo de medida sobre a PSE (p > 0,05). Da mesma forma, não houve efeito principal da condição (p > 0,05).

Discussão

Os exercícios condicionantes não impactaram a excitabilidade córtico-espinhal, como demonstrado pelos efeitos nulos nos índices PEM/onda M e PS. Em contraste, o exercício condicionante localizado melhorou o desempenho motor, provavelmente devido à PPA, evidenciada pela maior razão CVM/onda M. Esses resultados sugerem que exercícios máximos ou próximos do máximo são eficazes para melhorar o desempenho motor quando realizados com o mesmo grupo muscular da tarefa condicionante, enquanto estratégias de condicionamento remoto não parecem ser eficazes.

Conclusão

Os exercícios de condicionamento localizado e remoto foram ineficazes em melhorar o desempenho de endurance muscular. Apesar destas estratégias terem sido ineficazes em induzir facilitação neural remota, o condicionamento localizado foi capaz de potencializar o desempenho em força máxima provavelmente ao mecanismo clássico de PPA.