Dados do Trabalho

Título

Eletromiografia e Cinemática do Exercício Levantamento Terra: um estudo de caso

Introdução e Objetivo

Os músculos do membro inferior são importantes para o desempenho esportivo, e a escolha adequada de exercícios possibilita estratégias eficientes para o desenvolvimento destes. Em vista disso, esse trabalho teve como objetivo analisar por meio da eletromiografia (EMG) e da cinemática, variáveis biomecânicas durante a execução do levantamento terra (LT).

Casuística e Método

Para tal, a identificação dos pontos anatômicos foi realizada conforme SENIAM (Surface Electromyography for the Non-Invasive Assessment of Muscles), sendo feita a tricotomia e limpeza local. Foi utilizado um eletromiógrafo EMG System® (sEMG). Os eletrodos de superfície foram fixados nos músculos vasto lateral (VL), vasto medial (VM), reto femoral (RF) e glúteo máximo (GL). O sEMG foi normalizado individualmente a partir de uma contração isométrica voluntária máxima (CIVM), usando uma célula de carga, acoplada a um cabo, fixo perpendicularmente a uma plataforma. Após um aquecimento livre, a participante foi submetida a CIVM, para estabelecer a carga máxima(CM). Em seguida, foi realizada uma 1ª coleta com o maior número de repetições até a falha com 70% da CM, e uma 2ª com 90%. Para a captura das imagens, uma câmera GoPro® foi configurada em 160 fps, a uma distância de 1,5m da extremidade da da barra e 35cm de altura, com um ponto reflexivo na extremidade da barra como referência para as análises

Resultados

A participante obteve na dinamometria, uma CM de 110,42 kg, e para cada músculo, o RMS de 58.81 GM, 10.25 RF, 20.81 VM e 36.13 VL, equivalente a 100% do RMS. A frequência central em hertz(FC) foi de 46.02 GM, 47.49 RF, 81.05 VM e 91.19 VL, enquanto a frequência mediana em heartz(FM) foi de 47.48 GM, 97.66 RF, 90.33 VM e 90.85 VL. Na coleta a 70% da CM (78 kg), foram realizadas 14 repetições até a exaustão, observando a falha concêntrica na 15 repetição e analisando o sEMG da última repetição válida. O RMS obtido foi de 52.26% para GM, 48.09% RF, 54.29% VM e 55.38% VL. Para a FM, os valores foram 60.55 GM, 89.84 RF, 84.96 VM e 73.24 VL e para a FC de 60.55 GM, 101.56 RF, 87.89 VM e 87.89 VL. Já na coleta de 90% ( 98 kg), foram realizadas 5 repetições até a falha concêntrica e analisado o sEMG da última repetição válida. O RMS foi de 85.86% GM, 18.9% RF, 74.27% VM e 67.98% VL, enquanto a FC foi de 50.78 GM, 70.31 RF, 77.15 VM e 66.41 VL e a FM de 56.64 GM, 101.56 RF, 80.08 VM e 85.94 VL. Quanto à análise cinemática, o deslocamento vertical da barra foi de 52,21 ± 1,59 cm durante as repetições com 70% e 49,64 ± 1,03 cm para 90%. A velocidade vertical da barra com 70% durante a ação concêntrica e excêntrica foi respectivamente de 0,74 ± 0,05 m/s e 0,60 ± 0,09 m/s. Com a carga de 90%, foi de 0,35 ± 0,06 m/s durante a e 0,68 ± 0,37m/s.

Discussão

O LT mostrou-se uma estratégia para o desenvolvimento dos músculos analisados, uma vez que o RMS atingiu valores superiores a 50% da máxima capacidade, suficiente para provocar adaptações morfofuncionais, como o aumento de força. Observamos que a maior carga possibilita maior recrutamento dos músculos, destacando a importância da intensidade no progresso da carga. Na cinemática, vimos que a carga é inversamente proporcional ao deslocamento da barra, e que cargas maiores o aumentam o tempo da fase excêntrica em relação à concêntrica. Ademais, a altura da barra durante a falha com 70% da CM foi de 42 cm, sugerindo um ponto crítico do exercício onde o participante luta para validar ou perder a repetição, podendo sugerir um treino específico a partir desse ponto, bem como uma predição de CM dinâmica a partir da velocidade nas últimas repetições.

Conclusão

Concluímos que o LT foi eficiente para o recrutamento dos músculos analisados, os quais são ativados em maiores intensidades conforme a carga. Ademais, com o aumento da carga, o número de repetições diminui, bem como o deslocamento e a velocidade vertical da barra.