Dados do Trabalho


Título

Efeitos da eletroestimulação do músculo bíceps braquial e sua associação com a contração isométrica voluntária máxima na força e no sinal eletromiográfico: Um estudo de caso

Introdução e Objetivo

O músculo bíceps braquial(MBB) está localizado na região anterior do braço. A cabeça curta se origina no ápice do processo coracóide da escápula, enquanto a cabeça longa se origina do tubérculo supraglenoidal da escápula. Sua inserção se dá na tuberosidade do rádio e fáscia profunda do antebraço. Sua ação principal está relacionada à flexão e supinação do antebraço na articulação do cotovelo. A eletroestimulação (EEM) é uma estratégia utilizada para o desenvolvimento e para a recuperação muscular esquelética. A eletromiografia (EMG) nos permite avaliar como o estímulo que se propaga pelo músculo. O objetivo do presente estudo foi analisar os efeitos da eletroestimulação no MBB e sua associação com uma contração isométrica voluntária máxima (CIVM) na eletromiografia e dinamometria.

Casuística e Método

Para o registro do sinal, foram utilizados o eletromiógrafo e o dinamômetro da EMG System do Brasil. Os dados foram analisados pelo Software EMG Lab V1.1. Foram identificados os pontos para fixação dos eletrodos no MBB, e colocados conforme o protocolo “surface EMG for non-invasive assessment of muscles” SENIAM, e os pontos de EEM, conforme orientação do eletroestimulador. Foi feita a tricotomia, limpeza com álcool e gaze fixação dos eletrodos de superfície para EMG e EEM no MBB. A coleta da CIVM sem EEM foi realizada em 3 repetições de 7 segundos, com intervalo de 2 minutos entre elas, foi considerado o melhor resultado das 3 tentativas. O participante foi colocado sob uma plataforma fixa, com as costas apoiadas e os cotovelos em flexão de 90°, segurando uma barra presa ao dinamômetro que estava fixo a um cabo perpendicular ao solo. Após a 3ª coleta, houve um repouso de 5 minutos. Em seguida, foi realizada uma segunda coleta da EMG durante a EEM, sem a CIVM. Foram coletados 3 ciclos de 7 segundos de eletroestimulação pulsátil preparatória (contrações musculares visíveis) e 7 segundos de eletroestimulação contínua máxima (maior intensidade tolerável). Por fim, foi realizada uma coleta de CIVM com a EEM, 3 ciclos de 7 segundos de estimulação pulsátil preparatória e 7 segundos de estimulação contínua máxima, durante a qual foi realizada a CIVM. Após uma semana de familiarização com o equipamento, foi repetido o mesmo protocolo.

Resultados

Para a CIVM, a força gerada foi de 36,8 kg. O valor de RMS (root mean square) foi considerado 100%, e as frequências central (FC) e mediana (FM) foram de 56,76 Hz e 59,57 Hz, respectivamente. Quando usado o EEM Bilateralmente, a ativação muscular teve um RMS de 86,79%. As FC e FM aumentaram para 75,20 Hz e 76,17 Hz. Durante a associação da CIVM + EEM Bilateral, a força diminuiu, registrada pela dinamometria com 30,6 kg. O RMS foi de 92,16% (direito), e as FC e FM em 75,20 Hz e 76,17 Hz. Após a semana de familiarização, a força foi 37,38 kg durante a CIVM. O RMS para a coleta foi considerado 100%, e as FC e FM foram de 70,31 Hz e 72,75 Hz. Para o EEM Bilateral, houve um aumento no RMS, atingindo 176,55%. As FC e FM mudaram para 44,92 Hz e 89,84 Hz. Por fim, a CIVM + EEM Bilateral a dinamometria foi de 33,69 kg, e o RMS 197,20%. As FC e FM foram de 44,92 Hz e 89,84 Hz.

Discussão

Os resultados sugerem que o treinamento com a EEM aumenta a ativação muscular e força, como evidenciado pelos valores de RMS e dinamometria. No entanto, a força gerada sob EEM quanto em associação com a CIVM, foi menor do que a força produzida apenas pela CIVM. Esse padrão indica que, embora a EEM intensifique a ativação muscular, ela reduz a capacidade de gerar força máxima, possivelmente devido à interferência no controle motor voluntário ou ao aumento da fadiga muscular.

Conclusão

Conclui-se, que no modelo estudado, a EEM foi efetiva para ativar o músculo em níveis para o desenvolvimento de força, a familiarização com o dispositivo possibilitou aumento do estímulo para o músculo e a associação da EEM e CIVM não parece a melhor estratégia para desenvolvimento de força.

Área

Medicina do Esporte

Instituições

Centro Universitário Barão de Mauá - São Paulo - Brasil, Universidade Federal de Catalão - Goiás - Brasil

Autores

Victor Pedrosa Ferreira de Souza, Camila Pugliesi de Figueiredo, Nicole Pugliesi de Figueiredo, Francine Rodrigues Navarro, Romeu Paulo Martins Silva, Thiago Montes Fidale