Dados do Trabalho


Título

Treinamento físico combinado modifica o perfil de metilação do DNA de mulheres adultas e idosas com pressão arterial sistólica elevada

Introdução e Objetivo

A hipertensão arterial é uma doença crônica caracterizada pela elevação sustentada da pressão arterial (PA) sistólica (PAS) e/ou diastólica (PAD). A metilação do DNA (mDNA) está associada a parâmetros de saúde. A prática regular de exercícios físicos aeróbio e de força realizados em uma mesma sessão (treinamento físico combinado - TC) pode modular a mDNA e melhorar a saúde de pessoas hipertensas. O objetivo do estudo foi comparar o perfil metilação (PM), PA, parâmetros sanguíneos e antropometria de mulheres fisicamente inativas com idade entre 50-70 anos com valores de PAS classificados como pré-hipertensão ou hipertensão (PASPH) e com valores classificados como normais ou ótimos (PASNO), antes e após 14 semanas de intervenção longitudinal com TC.

Casuística e Método

Foram realizadas três sessões/semana de TC durante 14 semanas. Após as avaliações pós, os dados da amostra foram divididos em dois grupos de acordo com os valores de PAS pré intervenção: PASPH (PAS≥130 mmHg; n=23) e PASNO (PAS≤120–129 mmHg; n=24). Foram avaliadas PA, antropometria, perfis lipídico e glicêmico e ácido úrico. Para análise dos desfechos primários foi utilizado o modelo linear generalizado de efeitos mistos e o teste t para amostras independentes para comparar os grupos para idade, estatura, anos de estudo e a carga interna de treinamento (training impulse - TRIMP). Para o experimento de metilação, o DNA extraído do sangue foi analisado no EPIC Infinium Methylation BeadChip 850k. Os dados brutos foram analisados no software RStudio (pacote ChAMP do Bioconductor). As análises das regiões diferencialmente metiladas (DMR) foram realizadas com a função myDMR adotando o método Bumphunter com p<0,05. Após a identificação das DMRs e das citosinas fosfatos guaninas (CGs) correspondentes, foram realizados o enriquecimento das CGs por meio do estudo de associação em todo o epigenoma (EWAS).

Resultados

O grupo PASPH apresentou reduções da PAS e PAD, e seus valores foram superiores aos do grupo PASNO no momento pré intervenção. Ambos os grupos apresentaram reduções dos níveis de colesterol total, HDL, triglicérides e hemoglobina glicada. Não foram constatadas diferenças entre os grupos para idade, anos de estudo, estatura e carga interna de treinamento (TRIMP). Massa corporal, ácido úrico, colesterol total e LDL foram superiores no PASPH em comparação ao PASNO, enquanto HDL foi inferior. Após as 14 semanas de intervenção, somente o PASPH apresentou DMRs (n=68), as quais foram associadas a diversos genes. Na análise de gene ontology, diversas vias metabólicas foram identificadas com p<0,05 no grupo PASPH. Cinco DMRs foram diferentes entre os grupos no momento pré intervenção e no momento pós foram constatadas duas regiões diferentes entre os grupos, uma DMR relacionada ao gene HLA-DPB1, a qual foi diferente entre os grupos no momento pré intervenção e permaneceu diferente no momento pós intervenção, e outra DMR relacionada ao gene NPY.

Discussão

Os achados aqui apresentados mostram que o TC pode promover melhorias nos perfis lipídico e glicêmico de mulheres adultas e idosas PASPH e PASNO, e reduzir a PA de mulheres adultas e idosas PASPH ao ponto de atingirem valores semelhantes aos de mulheres PASNO. Mulheres com valores elevados de PAS podem apresentar, antes e após 14 semanas de prática de TC, DMRs e genes relacionados a vias metabólicas especificas diferentes das mulheres PASNO de mesma faixa etária. Destaca-se a presença do gene HLA-DPB1, o qual apresentou DMRs diferentes entre os grupos nos momentos pré e pós intervenção, e o gene NPY (Neuropeptide Y – neuropeptídeo Y), cujas DMRs foram diferentes entre os grupos no momento pós intervenção.

Conclusão

Conclui-se que o TC pode reduzir as PAS e PAD e promover alterações no PM e vias metabólicas específicas em mulheres PASPH, além de promover melhorias nos perfis glicêmico e lipídico de mulheres PASPH e PASNO fisicamente inativas com idade entre 50-70 anos.

Área

Medicina do Esporte

Instituições

Universidade de São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

João Gabriel Ribeiro Lima, Guilherme Silva Rodrigues, Andressa Crystine Silva Sobrinho, Natália Yumi Noronha, Carla Barbosa Nonino, Carlos Roberto Bueno Júnior