Dados do Trabalho
Título
Conhecimento de Pediatras sobre Atividade Física na Infância e Adolescência
Introdução e Objetivo
O sobrepeso e a obesidade infanto-juvenil constituem uma pandemia e impacta significativamente o paciente e os custos do sistema em saúde. Crianças e adolescentes obesos enfrentam riscos graves de desenvolverem patologias cardiometabólicas, hepáticas, articulares, imunológicos e transtornos psicológicos. A atividade física (AF) é essencial na prevenção e tratamento da obesidade, ajuda a equilibrar o gasto energético e estabelecer hábitos saudáveis. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda 60 minutos diários de AF moderada a intensa, mas a prevalência crescente de comportamentos sedentários evidencia a necessidade urgente de intervenção. Este estudo investiga o conhecimento dos pediatras sobre as diretrizes de AF na infância e adolescência, e visa identificar problemáticas e lacunas na atuação médica.
Casuística e Método
Estudo descritivo transversal com 113 pediatras da Baixada Santista, recrutados por métodos orgânicos e digitais, que responderam questionário eletrônico anônimo. Abordou-se diretrizes de AF da OMS, práticas e orientações médica, e emissão de atestados. O formato eletrônico facilitou a coleta e garantiu a confidencialidade das respostas.
Resultados
Dos 113 pediatras, 71,7% são certificados em pediatria e 63,7% atuam em consultórios ou ambulatórios. Observou-se que 64,6% desconhecem as diretrizes da OMS para AF na infância e adolescência. Contudo, 84,7% acham que recomendações para crianças diferem dos adultos, e 87,6% consideram atividades recreativas mais apropriadas para esse público. Apenas 35,4% recomendam 60 minutos diários de AF, e 22,1% acham que a atividade deve variar entre moderada e intensa. Recomendou-se atividades aeróbicas de alta intensidade e de fortalecimento muscular e ósseo três vezes por semana em 61,9%, porém 36,3% não recomendam treino de força para crianças. Além disso, 64,6% orientam sobre AF em consultas, mas 25,9% enfrentam desafios devido ao tempo limitado nas consultas. Ao emitir atestados médicos 59,3% dos pediatras indagam qual o tipo de atividade. Entre os que emitem atestados para atividades recreativas, 45,1% o fazem após exame clínico, anamnese e eletrocardiograma, enquanto 38,9% adotam o mesmo, para atividades competitivas.
Discussão
A prática regular de atividade física na infância e adolescência é reconhecido como uma estratégia eficaz para combater a obesidade e reduzir o risco de doenças crônicas na vida adulta. O estudo revelou um contraste entre o conhecimento e a prática de recomendações de AF, embora muitos pediatras recomendem AF, os mesmos podem reduzir os benefícios para a saúde do paciente, ao orientarem 30 minutos diários de AF, torna-se, então essencial saber as diferenças fisiológicas entre crianças e adultos para orientar a AF. Compreende-se que no conjunto de políticas públicas e campanhas de conscientização há uma perspectiva de melhora do conhecimento, pratica e a qualidade da AF. Programas de AF para jovens obesos devem focar em exercícios de baixo impacto para evitar lesões e quando adequado e supervisionado, o treinamento de força pode ser benéfico para o desenvolvimento muscular e ósseo. A regulamentação do atestado médico e da Avaliação Pré-Participação Esportiva (APPE) é crucial para garantir a segurança dos jovens. O comportamento sedentário deve ser limitado a duas horas diárias, e jogos ativos ajudam a reduzir o tempo frente às telas.
Conclusão
O estudo evidencia um conhecimento insuficiente entre os pediatras sobre as recomendações de atividade física para infância e adolescência. Há lacunas significativas na compreensão das práticas ideais para diferentes idades pediátricas, sua orientação baseada nas diretrizes da OMS e na avaliação para emissão de atestados médicos para a prática de atividade física. A informação e educação em saúde adequada sobre atividade física é essencial para a prevenção e manejo da obesidade infantil e suas complicações.
Área
Medicina do Esporte
Autores
Brizza Valeria Foianini Biassi, Tiago Bastos Romanello, Maria Heloiza Torres Ventura, Helena Bernardes Pimenta Bueno Sento Sé, Clara Juliana Leila Vaz e Ribeiro, Fernando Albanezi do Nascimento