Dados do Trabalho
Título
Lombalgia crônica e exercício físico: uma revisão bibliográfica.
Introdução e Objetivo
A dor nociceptiva aguda ocorre devido a um estímulo potencialmente lesivo nos tecidos, gerando uma resposta fisiológica que visa evitar danos maiores. Embora a maioria dos casos de dor aguda se resolva com a cura da lesão, 20 a 30% dos pacientes desenvolvem dor crônica, que possui um mecanismo mais complexo, deixando de ser apenas um indicador de lesão tecidual. A lombalgia crônica, uma condição comum e debilitante, é uma das principais causas de incapacidade global, agravando-se com a idade, com significativo impacto econômico e social. Essa condição está associada a uma maior propensão ao desenvolvimento de transtornos psicológicos, como depressão e ansiedade. Este estudo objetiva relacionar o exercício físico com a lombalgia, demonstrando as possibilidades terapêuticas da atividade física e comparando metodologias de treinamento.
Casuística e Método
Utilizou-se o protocolo PICO para a definição da pergunta de pesquisa: “Quais modalidades de prática física são superiores para aliviar a dor de pacientes com lombalgia crônica não específica?”. Seguindo os passos da PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Review and Meta-Analyses), foram buscados estudos nas bases MEDLINE, LILACS e SciELO, de 2019 a 2024. As palavras-chave utilizadas foram “exercise” e “low back pain”. Artigos não pertinentes ou cuja metodologia não permitia a comparação entre os métodos de exercício foram excluídos.
Resultados
Um estudo demonstrou que, ao combinar exercícios de estabilização do core com outras modalidades por 30 minutos, atingiu-se boa resposta clínica. Nesse sentido, houve redução da intensidade da dor na escala visual analógica de 6,12 para 2,37 ao praticar exercícios de fortalecimento e estabilização do core, de 5,95 para 2,37 ao praticar exercícios de alongamento e estabilização do core, e de 5,85 para 2,92 ao praticar apenas exercícios de estabilização do core. Outro comparou exercícios de flexibilidade, caminhada e estabilização isoladamente, em sessões de 30 a 60 minutos, cinco vezes por semana, por 12 semanas, o maior alívio da dor é obtido ao praticar exercícios de flexibilidade e de estabilização, apesar de a caminhada fornecer importante fortalecimento da musculatura dorsal.
Discussão
Uma revisão que incluiu 118 estudos e 9.710 pacientes concluiu que todas as modalidades de exercício abordadas foram superiores ao grupo controle e ao uso isolado de medicação analgésica. Nesse contexto, o pilates foi superior às outras modalidades tanto para a dor quanto para a funcionalidade. Ademais, para a funcionalidade, foi seguido por fortalecimento e exercícios do core abdominal e, para a dor, foi seguido por exercícios corpo-mente e do core abdominal. Uma segunda metanálise considerou 217 ensaios clínicos randomizados, com um total de 20.969 participantes e, para o alívio da dor, o pilates foi a melhor modalidade, seguido por fortalecimento do core abdominal e o método de McKenzie. Enquanto isso, para a funcionalidade, o pilates foi o superior, seguido pelo método de McKenzie.
Conclusão
Diferentes estudos e metodologias evidenciam que a prática física é sempre superior ao sedentarismo e ao uso isolado de medicação no alívio da lombalgia crônica não específica. Entre as modalidades de treinamento, o pilates e os exercícios de flexibilidade destacam-se não apenas pelo alívio da dor, mas também pela melhoria da funcionalidade motora, estabilidade e qualidade de vida. Isso se deve à fisiopatologia da lombalgia, que envolve encurtamento e fraqueza de grupos musculares específicos (abdominais, glúteos, piriforme, quadrado lombar e iliopsoas). Dessa forma, o exercício físico justifica-se como primeira linha no tratamento da lombalgia crônica e deve ser indicado na prática médica, considerando a realidade social e capacidades físicas de cada indivíduo.
Área
Medicina do Esporte
Instituições
Universidade do Vale de Itajaí - Santa Catarina - Brasil
Autores
Gustavo Henrique Potter Scheidt, Matheus Henrique Roque Duro, Denny Lui Wu, João Gabriel Zipperer Rodrigues, Vitor Hugo Schneider