Dados do Trabalho


Título

Associação entre intensidade da atividade física e sintomas de depressão e ansiedade em mulheres corredoras

Introdução e Objetivo

O tratamento recomendado da ansiedade/depressão envolve medicamentos e psicoterapia. No entanto, a eficácia desse tratamento é limitada e os efeitos colaterais e custos envolvidos são consideráveis. Nesse contexto, a atividade física tem se mostrado adjuvante do tratamento. No entanto, há uma divergência na literatura sobre os efeitos da intensidade da atividade e do nível de condicionamento físico na saúde mental. Ademais, sendo a ansiedade e depressão mais frequente entre as mulheres, outro ponto a conhecer é se a maternidade está associada com a saúde mental. O objetivo do estudo foi verificar se existe associação entre a intensidade da atividade física realizada, consumo máximo de oxigênio (V̇O2max), a maternidade e a ansiedade e depressão, além de descrever uma equação de previsão da depressão e ansiedade com base nas variáveis avaliadas.

Casuística e Método

Participaram do estudo 130 mulheres (43,5±14,9 anos; 63,2±10,9 kg; 1,62±0,06 m), que responderam quatro questionários: (i) nível de atividade física habitual “Questionário Internacional de Atividade Física” (IPAQ); (ii) frequência de sintomas de depressão “Patient Health Questionnaire-9” (PHQ-9); (iii) frequência de sintomas de ansiedade “General Anxiety Disorder” (GAD-7) e (iv) se tem ou não filhos e o número de filhos. As mulheres também foram submetidas a um teste de esforço incremental, para avaliação do V̇O2max.

Resultados

Mães apresentaram níveis de depressão significativamente mais baixos do que mulheres sem filhos [2 (0-5), 4 (2-7), p=0,013, respectivamente]. Os níveis de ansiedade não diferiram entre os grupos de mulheres com e sem filhos [3 (1-6), 4 (2-6), p=0,092, respectivamente]. A frequência de sintomas de depressão apresentou correlação significativa com o volume de atividade física vigorosa (r= -0,338, p<0,001), mas não com a atividade moderada (r=-0,004, p=0,960). A frequência de sintomas de ansiedade não apresentou correlação significativa com volume de atividade vigorosa (r= -0,132, p=0,135) e nem moderada (r= 0,095, p=0,281). Não foi observada associação entre V̇O2max e a frequência de sintomas de depressão e ansiedade, (r= -0,078, p=0,491 e r= 0,106, p= 0,348, respectivamente). As variáveis que melhor se ajustaram à equação de previsão para depressão (F=15,952; p<0,001; r2=0,169) foram: atividade física vigorosa (min/semana) (ß = -0,349, t = -4,28, p < 0,001) e ter ou não filhos (ß = -0,211, t = -2,59, p = 0,011).

Discussão

Observou-se que mulheres com filhos apresentaram menor frequência de sintomas depressivos, mas não de sintomas de ansiedade, comparado com mulheres sem filhos. Além disso, a intensidade da atividade física parece ser algo a ser considerado quando se pensa em prevenção ou tratamento de depressão, pois atividades mais intensas estão mais associadas com a menor frequência de sintomas da doença do que atividades moderadas. No entanto, o mesmo raciocínio não pode ser aplicado à ansiedade, uma vez que não há associação com a intensidade da atividade física. Outro dado importante é que o nível de condicionamento físico não está associado nem com ansiedade e nem com depressão. Por fim, a equação de previsão da depressão desenvolvia apresentada relevância significativa (p<0,001) e 16% da variação da depressão é possível ser explicada por meio da maternidade e volume semanal de atividade física vigorosa.

Conclusão

Com os achados deste estudo evidenciam que o volume semanal de atividade física vigorosa e a maternidade são fatores protetores para a frequência de sintomas de depressão entre mulheres corredoras.

Área

Medicina do Esporte

Autores

Lucca Antônio Vallini Lombardi, Vinícius Ribeiro Souza , Lavínia Vivan, Fabio Domingos, Marilia Santos Andrade