Dados do Trabalho


Título

CORRELAÇÃO ENTRE APTIDÃO FÍSICA E QUALIDADE DO SONO EM PACIENTES QUE ESTÃO AGUARDANDO A CIRURGIA BARIÁTRICA EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE PERNAMBUCO

Introdução e Objetivo

O baixo desempenho da aptidão física está associado à obesidade, que pode impactar a saúde do sono dos indivíduos. No entanto, a relação entre qualidade do sono e aptidão física ainda é imprecisa. Este estudo tem como objetivo correlacionar a qualidade do sono e o nível de aptidão física em obesos cadastrados em um programa de cirurgia bariátrica em um hospital universitário de Recife/PE.

Casuística e Método

A amostra foi composta por indivíduos com idade acima de 18 anos e Índice de Massa Corporal (IMC) superior a 30 kg/m². A qualidade do sono foi avaliada pelo Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI), o equilíbrio estático pelo Teste de Apoio Unipodal (TAU), a mobilidade funcional pelo teste Time Up and Go (TUG) e a capacidade funcional dos membros inferiores pelo Teste de Sentar e Levantar (TSL). Para correlacionar os escores do PSQI com os resultados dos testes, utilizou-se a Correlação de Spearman, considerando a não-normalidade das variáveis. Um nível de significância de p<0,05 foi adotado.

Resultados

A amostra foi composta por 64 indivíduos (52 mulheres) com IMC médio de 45±10,44kg/m2. Os participantes apresentaram, em média, 10,2 ± 4,24 pontos no PSQI; 7,33 ± 1,95 segundos no TUG; 12,7 ± 3,71 repetições no TSL; 20,99 ± 10,5 segundos no TAU do lado direito e 21,27 ± 10,45 no lado esquerdo. Observou-se correlação positiva moderada entre o PSQI e o TUG (rho= 0,30; p<0,05), e correlações negativas moderadas entre o PSQI e o TAU (direita: rho = -0,27; p<0,05; esquerda: rho = -0,28; p<0,05). A correlação com o TSL foi negativa e fraca (rho = -0,16), sem significância estatística (p = 0,214).

Discussão

Os resultados deste estudo evidenciam que a qualidade do sono em indivíduos obesos cadastrados em um programa de cirurgia bariátrica está comprometida, refletindo-se em altos escores do PSQI. Essa condição pode agravar problemas de saúde e impactar negativamente a preparação para a cirurgia. A correlação moderada entre o PSQI e o TUG sugere que a pior qualidade do sono está relacionada a uma mobilidade funcional reduzida, o que é consistente com a literatura que aponta que a privação de sono pode afetar o desempenho motor e a coordenação. Além disso, as correlações negativas observadas entre o PSQI e o TAU indicam que aqueles com pior qualidade de sono apresentam um equilíbrio estático inferior, contradizendo algumas pesquisas que apontam para a manutenção do equilíbrio em obesos. Embora os resultados do TSL não tenham mostrado significância estatística, a tendência de resultados baixos sugere que a força muscular, essencial para a funcionalidade, pode estar comprometida. A amostra reduzida é um limitante, mas ressalta a necessidade de investigações mais amplas para verificar essas tendências. A associação entre qualidade do sono e aptidão física, especialmente mobilidade e equilíbrio, é uma preocupação que deve ser abordada em programas de intervenção para obesidade e em preparações para cirurgia bariátrica.

Conclusão

A população obesa prestes a se submeter à cirurgia bariátrica, especialmente as mulheres, apresentou déficit na qualidade do sono, embora os resultados de equilíbrio estático estivessem próximos ao normal. A qualidade do sono correlacionou-se com indicadores de aptidão física, como mobilidade funcional e equilíbrio estático. Investigações futuras são necessárias para aprofundar essas relações.

Área

Medicina do Esporte

Autores

Isabelle França de Oliveira, Barbara Amaral Bruno Silva, Reyanne Maria Silva, Gabrielly Barreto de Caravlho, Breno Clodoaldo de Melo Silva, Paulo Roberto Cavalcanti Carvalho