Dados do Trabalho


Título

O Custo Cardiovascular dos Anabolizantes: Uma Revisão Literária

Introdução e Objetivo

Sabe-se hoje que os esteroides anabolizantes androgênicos (EAAs), sintetizados a partir da testosterona, são amplamente pesquisados e utilizados na comunidade esportiva, principalmente por esportistas que praticam musculação, tendo como ação principal o aumento da força e da resistência muscular. No entanto, o uso crônico desses esteroides pode levar a diversas disfunções fisiológicas, resultando em um aumento significativo de doenças que podem levar o indivíduo ao óbito. Dentre essas enfermidades, as doenças cardiovasculares se destacam pelo alto risco de mortalidade. Objetivo: abordar as consequências do uso de esteroides anabolizantes no sistema cardiovascular de indivíduos praticantes de esportes.

Casuística e Método

Foi realizada uma revisão de literatura sobre os efeitos deletérios do uso crônico de esteroides anabolizantes sobre o sistema cardiovascular em atletas, particularmente aqueles envolvidos em atividades de musculação. Utilizaram-se os seguintes Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): “Esteroides Androgênicos Anabolizantes”, “Sistema Cardiovascular”, “Musculação”, “ Atletas”, “ Efeitos Adversos de Longa Duração” e “Doenças Cardiovasculares”. As buscas foram realizadas nas bases de dados PubMed, Scopus e Cochrane Library, abrangendo o período de 2020 a 2023.

Resultados

Notou-se alterações cardiovasculares compatíveis com cardiomiopatia biventricular em usuários prévios e atuais de EAAs, exemplificadas por paredes mais espessas e maior índice de massa no ventrículo esquerdo (VE). A função sistólica do VE mostrou-se significativamente prejudicada, a partir de fração de ejeção ventricular esquerda (FEVE) reduzida e de deformação longitudinal global do VE. Houve maior ocorrência de acometimento moderado a severo da função sistólica do VE (41-49% e menor ou igual a 40%, respectivamente) em ambos usuários atuais e prévios.

Há risco substancial de desenvolver insuficiência cardíaca após o uso prolongado de EAAs. Estima-se que aproximadamente 3% dos usuários de EAAs desenvolvam infarto agudo do miocárdio (IAM) em idade jovem.

Evidenciou-se pior função ventricular direita (VD), por deformação longitudinal global do ventrículo direito e menor área fracional, além de disfunção atrial esquerda e possível predisposição a síndromes coronarianas agudas.

Discussão

Os resultados confirmam as preocupações sobre os efeitos crônicos dos EAAs na saúde cardiovascular, especialmente em atletas de musculação. A hipertrofia ventricular esquerda (HVE) e a redução da FEVE observadas em usuários, atuais e prévios, refletem uma função cardíaca sistólica comprometida. Além disso, os EAAs também causam deformação longitudinal e redução da área fracional no VD, demonstrando o impacto global dessas substâncias no sistema cardiovascular.
Essas alterações indicam cardiomiopatia biventricular, aumentando o risco de insuficiência cardíaca e morte súbita. O fato de 3% dos usuários sofrerem IAM em idades jovens destaca a gravidade desses efeitos. A disfunção atrial esquerda e a predisposição a síndromes coronarianas agudas reforçam a natureza multifatorial do impacto dos EAAs, que afetam tanto a estrutura quanto a função elétrica do coração.

Conclusão

O uso crônico de EAAs prejudica o funcionamento normal do coração, acarretando em diversos processos que levam ao prejuízo estrutural, elétrico e fisiológico, como a HVE, que pode reduzir a FEVE. Também é comum haver deformidade longitudinal que leva a uma redução significativa da área do VD, dessa maneira, evidenciando uma cardiomiopatia biventricular. Além disso, também pode haver disfunção atrial esquerda e um aumento da predisposição à SCA em pacientes jovens. Dessa forma, é comprovado que os EAAs, em uso crônico, causam impactos negativos significantes para o sistema cardiovascular, interferindo na sua função.

Área

Medicina do Esporte

Instituições

Centro Universitário Christus - Ceará - Brasil

Autores

Felipe de Albuquerque Ribeiro, João Lucas Cysne Rocha, Carolina Diógenes Cerveira, Anderson Arthur Marques de Carvalho, Guilherme Sávio Frota, Sofia Barbosa Lima Gurgel Luz