Dados do Trabalho


Título

Comparação da densidade mineral óssea entre triatletas amadoras e não atletas: um estudo transversal

Introdução e Objetivo

O estudo tem como objetivo comparar a densidade mineral óssea (DMO) absoluta e a DMO ajustada à área de superfície corporal (ASC) entre triatletas, que praticam atividade física em níveis superiores às recomendações do American College of Sports Medicine (ACSM), e mulheres inativas, que se exercitam abaixo dessas diretrizes. A hipótese é que os triatletas apresentem DMO absoluta mais baixa, mas DMO ajustada à ASC mais alta do que as mulheres inativas, devido ao alto nível de exercício físico, buscando esclarecer como diferentes níveis de atividade física influenciam a saúde óssea.

Casuística e Método

O estudo recrutou 42 mulheres saudáveis, divididas em triatletas amadoras (Grupo 1) e mulheres não ativas (Grupo 2), com o objetivo de comparar a densidade mineral óssea (DMO) entre os grupos. As triatletas foram selecionadas com base em critérios que exigiam treinamento superior às recomendações do ACSM, enquanto as não ativas apresentaram atividade física abaixo dessas diretrizes. Os dados foram coletados em uma única visita ao laboratório, onde foram realizadas medições antropométricas e avaliação da composição corporal por meio de DXA, um método considerado padrão ouro. A análise estatística incluiu testes t não pareados para comparar os parâmetros de densidade óssea, com um nível de significância de p < 0,05, utilizando o software IBM SPSS.

Resultados

As triatletas amadoras treinam em média 13,2 ± 3,0 horas por semana, com um mínimo de 8 horas e máximo de 18 horas. A idade e a altura não apresentaram diferenças significativas entre os grupos; no entanto, as triatletas mostraram menor massa corporal (p < 0,001) e IMC (p < 0,001) em comparação às mulheres não ativas. Em relação à composição corporal, as atletas apresentaram maior massa magra (p = 0,018) e menor massa de gordura (p < 0,001). A Densidade Mineral Óssea (DMO) (p = 0,006) e a Área de Superfície Corporal (ASC) (p < 0,001) foram significativamente menores no Grupo 1 em relação ao Grupo 2. Contudo, a DMO ajustada pela ASC foi maior nas triatletas do que nas mulheres não ativas (p = 0,03). Não houve diferenças significativas no conteúdo mineral ósseo (BMC) entre os dois grupos (p = 0,05).

Discussão

Os principais resultados do estudo mostraram que as triatletas apresentaram menor massa corporal e menor Densidade Mineral Óssea (DMO) absoluta em comparação com mulheres não ativas, além de uma menor Área de Superfície Corporal (ASC). No entanto, a DMO ajustada pela ASC das triatletas foi maior. Esses achados confirmam a hipótese inicial de que, apesar do treinamento intenso, a DMO absoluta das triatletas é inferior à das não ativas, o que pode ser interpretado como uma consequência negativa do alto volume de treinamento associado a um balanço energético negativo, comprometendo a saúde óssea.

Embora as mulheres não ativas tenham mostrado maiores valores absolutos de DMO, isso não garante uma menor predisposição a fraturas, dado que a composição corporal é um fator crítico. A DMO ajustada pela ASC pode ser uma alternativa viável para comparar a massa óssea entre mulheres com diferentes composições corporais, refletindo de forma mais precisa a saúde óssea. O estudo utilizou a absorção de raios-X de dupla energia (DXA) para medir a DMO, um método confiável, mas apresenta limitações, como o desenho transversal que não permite inferir causalidade e a falta de avaliação do estado nutricional das participantes.

Conclusão

Os resultados mostraram que a Densidade Mineral Óssea (DMO) absoluta é menor e a DMO ajustada pela Área de Superfície Corporal (ASC) é maior entre triatletas amadoras em comparação aos controles saudáveis. Apesar da menor massa corporal, as atletas apresentaram maior massa magra. Recomenda-se que pesquisas futuras investiguem se a menor DMO absoluta está associada à fragilidade óssea entre triatletas amadoras, ou se a DMO ajustada pela ASC pode ser uma alternativa eficaz para avaliar a saúde óssea nesse grupo.

Área

Medicina do Esporte

Autores

GUILHERME CRUZ CORREA NETTO SOARES, Marilia Santos Andrade, Rodrigo Luiz Vancini, Cláudio André Barbosa de Lira, Aldo Seffrin