Dados do Trabalho
Título
Sindrome de Wolf Parkinson White e reflexo vaso vagal exacerbado associado com sincope de repetição relacionada com treinamento de força
Introdução e Objetivo
A Síndrome de Wolf-Parkinson-White (WPW) é uma condição caracterizada pela presença de uma via acessória entre os átrios e ventrículos, causando pré-excitação ventricular. Frequentemente associada a taquiarritmias, pode também se manifestar com sintomas inespecíficos como pré-síncope e síncope. Exercícios físicos que envolvem a manobra de Valsalva podem exacerbar sintomas vagais em pacientes predispostos. O objetivo deste trabalho é relatar o caso de uma paciente jovem com WPW que apresentou episódios de pré-síncope durante exercícios de força, destacando a importância do diagnóstico e manejo adequados no contexto da medicina esportiva
Casuística e Método
Relato de caso de uma paciente de 26 anos, previamente saudável, com queixas de pré-síncope desencadeadas por exercícios de força e manobra de Valsalva. A paciente foi submetida a avaliação cardiológica completa, incluindo ecocardiograma transtorácico, teste ergométrico e Tilt Teste. Os exames complementares foram analisados, e os achados foram correlacionados com os sintomas relatados. O manejo incluiu orientação quanto à modificação do regime de exercícios e encaminhamento para arritmologista para avaliação da necessidade de intervenção invasiva.
Resultados
Paciente de 26 anos apresentou queixas de pré-síncope desencadeadas por exercícios de força e manobras de Valsalva, sem sintomas durante atividades aeróbicas recreativas, como tênis. O ecocardiograma transtorácico revelou função cardíaca normal, com regurgitação mitral leve, sem sinais de hipertrofia ou dilatação ventricular. O eletrocardiograma (ECG) de repouso demonstrou ritmo atrial com onda delta, compatível com Síndrome de Wolf-Parkinson-White (WPW). Durante o teste ergométrico, observou-se a ausência de pré-excitação ventricular no pico do esforço, reaparecendo após 2 minutos de recuperação, sem indução de arritmias ou alterações isquêmicas. O Tilt Teste evidenciou uma resposta neuromediada vasodepressora, associada a episódios de pré-síncope. A paciente foi orientada a evitar exercícios de alta intensidade e encaminhada para avaliação com arritmologista para possível ablação.
Discussão
A Síndrome de WPW, embora comumente associada a taquiarritmias, pode se manifestar com sintomas vagais, especialmente em situações que envolvem manobra de Valsalva. No presente caso, a ausência de pré-excitação ventricular durante o esforço sugere um bom prognóstico em relação ao risco de arritmias. No entanto, os episódios de pré-síncope relacionados ao exercício de força e à manobra de Valsalva sugerem uma resposta vagal exacerbada, confirmada pelo Tilt Teste. A manobra de Valsalva aumenta a pressão intratorácica, provocando bradicardia reflexa e hipotensão, exacerbando a resposta vasodepressora. A combinação de WPW e resposta vasovagal em exercícios intensos levanta a possibilidade de intervenção com ablação, mesmo sem arritmias induzidas.
Conclusão
Este caso destaca a importância de investigar sintomas de pré-síncope em atletas, mesmo na ausência de arritmias evidentes. A Síndrome de WPW, embora muitas vezes assintomática, pode exacerbar respostas vagais em contextos específicos como a manobra de Valsalva. A ablação da via acessória é uma opção terapêutica que pode ser considerada para prevenir complicações futuras. Uma abordagem multidisciplinar, envolvendo cardiologistas e médicos do esporte, é fundamental para garantir uma avaliação e manejo apropriados.
Área
Medicina do Esporte
Autores
Leandro Goursand Penna, Marina Ladeira Wanner, Rafael Cunha Silva Araújo, Samir Charride Vilas Boas Késsimos de Salles