Dados do Trabalho

Título

Lesão de Morel-Lavallée no Joelho em Atleta de Jiu-Jitsu: relato de caso

Introdução e Objetivo

A lesão de Morel-Lavallée (LML) é um descolamento fechado do tecido subcutâneo da fáscia subjacente, com acúmulo de fluido por ruptura de vasos sanguíneos e linfáticos perfurantes. Apesar de frequente em traumas de alta energia, como acidentes automobilísticos e contusões esportivas, a LML no joelho, especialmente em atletas de Jiu-Jitsu, é raramente relatada.
A baixa frequência da LML no joelho em atletas de Jiu-Jitsu torna o diagnóstico e tratamento desafiadores. O Jiu-Jitsu, pelo contato físico constante e forças de torção aplicadas às extremidades inferiores, aumenta o risco de lesões atípicas, como a LML. Sua natureza insidiosa e apresentação variável dificultam seu diagnóstico, destacando a importância de maior conscientização sobre a condição.
Este artigo aborda a apresentação, diagnóstico e opções de tratamento da LML no joelho de um atleta de Jiu-Jitsu, com relato detalhado e revisão de manejo. O objetivo é ampliar o conhecimento sobre a LML em atletas de combate, promovendo diagnóstico precoce e tratamento adequado.

Casuística e Método

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Resultados

Paciente do sexo masculino, 55 anos, professor e atleta profissional de Jiu-Jitsu, sofreu trauma no joelho esquerdo durante movimento cisalhante, ocorrido ao deslizar o joelho contra o solo durante uma manobra de mudança de posição em combate. O paciente evoluiu com dor aguda e aumento de volume na região anteromedial do joelho esquerdo. Após avaliação médica inicial, foi indicada a realização de ressonância magnética (RM) 35 dias após o evento traumático.
O exame de RM revelou edema acentuado do tecido subcutâneo anterior e a presença de coleção não organizada na região pré-patelar anteromedial, com dimensões aproximadas de 6,5 x 0,7 x 3,6 cm (longitudinal x anteroposterior x transversal), e volume estimado de 8,5 mL. Tais achados foram compatíveis com lesão traumática por cisalhamento, com diagnóstico de lesão de Morel-Lavallée.
Diante do diagnóstico, optou-se por manejo conservador, com punção e drenagem da coleção hemática, seguido de reabilitação fisioterápica. Oito semanas após o trauma, o paciente retornou às suas atividades esportivas de alto desempenho, sem evidência de prejuízos funcionais ou limitações articulares.

Discussão

A LML está associada a traumas de alta energia, sendo mais comum na região do quadril e pelve. Este caso, todavia, destaca uma apresentação atípica no joelho de um atleta de Jiu-Jitsu, ressaltando a importância de avaliação clínica cuidadosa para traumas de cisalhamento em esportes de combate.
Descrita por Maurice Morel-Lavallée em 1853, a compreensão dessa lesão evoluiu com a identificação de diferentes mecanismos, incluindo atividades esportivas. A natureza fechada da LML dificulta o diagnóstico precoce, já que sintomas como dor e edema podem ser confundidos com lesões comuns, como ligamentares, bursites e hematomas. A RM foi crucial para confirmar o diagnóstico no caso apresentado, revelando edema e coleção fluida, delineando a extensão da lesão.
O tratamento da LML varia entre aspiração percutânea e compressão a intervenções cirúrgicas para drenagem e reparo da fáscia. A escolha depende da extensão da lesão, tempo do trauma e complicações como infecção ou necrose. Em lesões menores, o manejo conservador com drenagem permite retorno precoce às atividades esportivas.

Conclusão

Este caso clínico ilustra uma manifestação rara de lesão de Morel-Lavallée no joelho, associada a trauma esportivo em um atleta de Jiu-Jitsu. A localização atípica e o mecanismo de lesão destacam a necessidade de considerar a LML em atletas com trauma fechado e edema localizado, particularmente em esportes de combate. O relato contribui para a compreensão da LML, enfatizando a importância da identificação precoce e do manejo adequado para prevenir complicações e promover uma recuperação eficaz.