Dados do Trabalho


Título

Ativação de AMPK no exercício físico: estratégia para o combate à resistência à insulina em indivíduos obesos e controle da obesidade

Introdução e Objetivo

Introdução: A obesidade, uma condição que afeta aproximadamente 34% da população adulta brasileira, é caracterizada por um desequilíbrio energético crônico no organismo, frequentemente associada a comorbidades cardiometabólicas, como a resistência à insulina. Entre as principais abordagens terapêuticas para combater essa resistência, destaca-se o exercício físico, que, por meio da ativação de diversas vias moleculares, incluindo a proteína quinase ativada por AMP (AMPK), exerce um papel crucial na modulação do metabolismo energético. A AMPK promove a geração de energia, facilita a captação de glicose da corrente sanguínea e inibe processos anabólicos, como a biossíntese de lipídios. Assim, a AMPK emerge como um alvo molecular chave, tanto na regulação do metabolismo lipídico quanto no aumento da sensibilidade à insulina nos tecidos, o que possui importância fundamental no controle da obesidade.
Objetivo: Esta revisão integrativa visa relatar os dados mais recentes da literatura acerca do papel da AMPK, quando ativada por exercícios físicos, na redução da resistência à insulina em indivíduos obesos e na regulação do peso corporal.

Casuística e Método

Foram selecionados e analisados 32 artigos publicados entre 2019 e 2024, disponíveis nas bases de dados PubMed/Medline, SciELO e LILACS. Os descritores utilizados foram: "AMPK", "exercise", "obesity", "obese", "insulin resistance" e "physical activity". Foram excluídos estudos relacionados à gestação e à infecção por Covid-19.

Resultados

Os artigos analisados revelaram o papel central da AMPK, ativada durante o exercício físico, no aumento da sensibilidade à insulina em modelos de obesidade induzida por dieta hiperlipídica. A AMPK não apenas regula a expressão de transportadores de glicose, como o GLUT4 nos músculos esqueléticos, mas também exerce uma função inibitória sobre a lipogênese e estimula o catabolismo lipídico e a biogênese mitocondrial, ampliando a capacidade oxidativa muscular.

Discussão

A AMPK é uma enzima encontrada nos músculos esqueléticos, fígado e sistema nervoso central, que é fosforilada em condições de alta demanda energética, como em situações de aumento da relação AMP/ATP, observadas em exercícios de intensidade moderada a alta, em jejum, restrição calórica e na presença de agentes farmacológicos como a metformina. Nos músculos esqueléticos, a ativação da AMPK promove a interação da insulina com seus receptores, aumentando a translocação de GLUT4 para a membrana celular dos miócitos. Estudos experimentais em modelos animais demonstraram que a prática regular de exercícios, tanto agudos quanto crônicos, triplicou a expressão de GLUT4 em ratos obesos, quando comparados a ratos obesos sedentários. Além disso, a AMPK desempenha um papel essencial no catabolismo lipídico, ativando enzimas envolvidas na lipólise e na oxidação de ácidos graxos, como a malonil-CoA descarboxilase, e inibindo a lipogênese por meio da regulação negativa de enzimas como a acetil-CoA carboxilase, sendo mecanismos fundamentais para o controle da obesidade.

Conclusão

A AMPK apresenta-se como uma molécula essencial para a melhoria da sensibilidade à insulina em indivíduos obesos, além de favorecer a oxidação da gordura excedente. Dessa forma, a ativação da AMPK por meio do exercício físico reforça seu papel como uma estratégia eficaz no combate à obesidade e suas complicações associadas.

Área

Medicina do Esporte

Autores

Gabriela de Castro Martins, Clara da Costa Marrucho, Thiago André Mendoza Tananta, Pedro Antônio Aguiar Arrais, Thays Millena Martins do Vale, Helena Carla Castro