Dados do Trabalho
Título
A relação do ciclo menstrual com o desempenho feminino no exercício físico
Introdução e Objetivo
Introdução: O ciclo menstrual provoca flutuações hormonais que influenciam a performance em exercícios físicos. Pesquisas investigam o impacto das variações nos níveis de estrogênios e progesterona sobre a força muscular, desempenho anaeróbio e recuperação em mulheres fisicamente ativas. Compreender essas influências é essencial para a medicina esportiva, visando otimizar o treinamento e promover a saúde feminina.
Objetivo: Discutir a influência das fases do ciclo menstrual no desempenho esportivo de mulheres fisicamente ativas que treinam ao menos três vezes por semana, com foco em possíveis variações no rendimento anaeróbio, força muscular e recuperação.
Casuística e Método
Metodologia: Foi realizada uma revisão bibliográfica nas bases de dados PubMed e BVS. A coleta foi realizada utilizando os descritores: “Menstrual cycle”, “Women athletes”, “Performance”, “Sports” e “Menstruation” e o operador booleano “AND”. Os artigos foram triados com base nos seguintes critérios de inclusão: publicações indexadas entre 2019 e 2024, em inglês ou português, que abordassem as variáveis força, desempenho anaeróbio e recuperação muscular. Os critérios de exclusão foram: artigos pagos, estudos com animais, pesquisas fora da temática, uso de anticoncepcionais e atletas de elite.
Resultados
Resultados: A revisão dos artigos revela uma relação complexa entre o ciclo menstrual (CM) e o desempenho esportivo feminino, com evidências sugerindo que as flutuações de estrogênios e progesterona durante o ciclo podem modular os estoques de energia, a função neuromuscular, a fatigabilidade e a recuperação. Três estudos que avaliaram o desempenho anaeróbio identificaram impacto das fases do CM, incluindo: melhor desempenho em sprints de 100 e 200 m na fase lútea média, maior altura de salto vertical na fase folicular inicial e aumento significativo da potência máxima em sprints repetidos de curta duração na fase ovulatória. A força muscular, avaliada por contrações voluntárias máximas, foi reportada como não afetada pelo CM em cinco estudos e como afetada em três estudos, com redução na fase folicular inicial e aumento nas fases lútea e ovulatória. As flutuações hormonais também influenciaram as taxas de recuperação muscular.
Discussão
Discussão: A análise dos resultados deste estudo indica que as flutuações hormonais do ciclo menstrual influenciam as taxas de recuperação muscular em mulheres, aumentando marcadores de dano muscular e inflamação, com maior impacto na fase folicular em comparação à fase lútea média. Estudos sugerem que as concentrações elevadas de estrogênio e progesterona na fase lútea podem favorecer o armazenamento e preservação do glicogênio muscular durante o exercício, retardando a fadiga e facilitando a recuperação. No desempenho anaeróbio, a fase folicular inicial mostrou um efeito negativo em jogadoras sub-elite, com redução das distâncias percorridas e número de sprints. Em contraste, a fase lútea média e ovulatória apresentaram maior número e potência de sprints de curta duração. Na variável força, a alta concentração de serotonina foi associada à menor fadiga na produção de força rápida, especialmente na fase lútea média. Apesar de muitas atletas femininas acreditarem que seu desempenho é impactado pelo ciclo menstrual, as evidências objetivas sobre como o desempenho flutua ao longo do ciclo ainda são inconclusivas.
Conclusão
Conclusão: Embora existam pesquisas sobre o tema, a compreensão do impacto do ciclo menstrual no desempenho esportivo feminino ainda necessita de maior aprofundamento. Esse entendimento mais preciso poderá ajudar mulheres fisicamente ativas a otimizar seu rendimento em qualquer fase do ciclo. Ademais, as variáveis força e resistência anaeróbia devem ser mais investigadas para melhor elucidar sua relação com o ciclo menstrual.
Área
Medicina do Esporte
Instituições
Universidade Nove de Julho - São Paulo - Brasil
Autores
isabella camargo garcia , Gabriel Kwiatkoski, Jéssica Lima de oliveira , danielle cortellazzi romano, ana livia pacheco, Bianca Ramallo