Dados do Trabalho

Título

FRATURA RARA DO PLANALTO TIBIAL POSTERIOR COM DESLOCAMENTO ANÔMALO E RUPTURA COMPLETA DO LCA EM LESÃO POR MOTOCROSS: UM DESAFIO DIAGNÓSTICO E TERAPÊUTICO

Introdução e Objetivo

INTRODUÇÃO: A ruptura do ligamento cruzado anterior (LCA) é uma lesão comum em traumas ortopédicos, frequentemente associada a outras lesões ligamentares ou fraturas. O presente relato descreve um caso raro de ruptura do LCA associada a fratura do planalto tibial posterior, conhecida como fratura "Apple bite". Devido à baixa incidência dessa condição, o manejo ideal ainda é objeto de debate. O debate envolve a viabilidade e segurança de um procedimento cirúrgico simultâneo para reconstrução do LCA e correção da fratura, além da avaliação da eficácia da artroscopia. OBJETIVO: Analisar diferentes abordagens para o tratamento da ruptura do LCA associada à fratura do planalto tibial posterior, com foco na segurança da cirurgia de redução e fixação da fratura em combinação com a reconstrução do LCA.

Casuística e Método

CASUÍSTICA E MÉTODO: As informações foram obtidas por meio de revisão de prontuário, entrevista com o paciente e registro fotográfico dos métodos diagnósticos. Além disso, foi realizada revisão de literatura utilizando as bases de dados Pubmed, Google Acadêmico e SciELO, com publicações em inglês, nos últimos cinco anos, utilizando os descritores: “Anterior Cruciate Ligament Injuries”, “Orthopedics”, “Tibial Plateau Fractures”, “Apple bite fracture.” Foram excluídos artigos incompletos ou não relacionados diretamente ao tema.

Resultados

RELATO DO CASO: Um paciente masculino de 29 anos, mecânico, previamente saudável, sofreu trauma no membro inferior esquerdo durante uma corrida de motocross. O mecanismo de lesão envolveu impacto direto do solo contra o pé esquerdo após o deslizamento da pedaleira durante a aterrissagem de um salto. Ao exame físico, o paciente apresentava dor intensa, derrame articular e incapacidade de apoio no membro afetado, sem déficits motores ou sensoriais distais ao joelho. O teste de Lachman foi positivo, sugerindo lesão do LCA. Radiografias iniciais sugeriram fratura da espinha tibial anterior, geralmente associada à avulsão do LCA, mas sem confirmação de destacamento ósseo. A ressonância magnética revelou fratura do planalto tibial posterior, com deslocamento do fragmento ósseo para a região anterior, além da ruptura completa do LCA na inserção femoral. O tratamento proposto consistiu na coleta do fragmento ósseo por via artroscópica e reconstrução do LCA com enxerto de tendões flexores, seguida de fixação do fragmento por via aberta, após reposicionamento do paciente em decúbito ventral, em um único tempo cirúrgico.

Discussão

DISCUSSÃO: A subluxação ventral da tíbia, combinada com a impactação do fêmur sobre o platô tibial posterolateral, resulta na fratura "Apple bite", que aumenta a instabilidade articular. A depressão articular superior a 2 mm e a largura do corno posterior do menisco lateral superior à metade contribuem para o rompimento do ligamento. No entanto, ainda não há diretrizes claras para o tratamento dessa lesão. As abordagens variam entre conservadoras e cirúrgicas, e as fraturas com deslocamento anterior de fragmento podem ser classificadas em três tipos: tipo I (fratura cortical posterior proximal), tipo II (impactação posterior com envolvimento articular) e tipo III (fragmento ósseo completo com cisalhamento). A intervenção cirúrgica é recomendada para fraturas tipo II e III, com depressão ou cisalhamento ósseo, conforme demonstrado por exames de imagem.

Conclusão

CONCLUSÃO: A combinação de redução e fixação da fratura com a reconstrução do LCA demonstrou ser uma abordagem segura, com bons resultados clínicos a curto prazo. Contudo, são necessários mais estudos com amostras maiores e acompanhamento em longo prazo para definir intervenções mais eficazes.