Dados do Trabalho
Título
REPERCUSSÕES CLÍNICAS DO DOPING EM PRATICANTES DE MODALIDADES ESPORTIVAS
Introdução e Objetivo
O doping é definido como o uso de métodos proibidos pela World Anti-Doping Agency (WADA), criada em 1999 visando a conscientização e erradicação dessa prática. Embora possa melhorar o desempenho, o doping pode ter graves consequências clínicas e comprometer a saúde e a carreira dos atletas. A revisão pretende esclarecer os impactos das substâncias listadas pela WADA (anabólicos, hormônios peptídicos e fatores de crescimento, agonistas beta-2 e estimulantes) e destacar a necessidade de mais pesquisas para conscientizar sobre os riscos do doping.
Casuística e Método
O presente estudo realiza uma revisão narrativa de literatura, baseada na busca independente em base de dados e nos sites oficiais da WADA (World Anti Doping Agency) e CFM (Conselho Federal de Medicina). Para tal, na plataforma PubMed foram feitas buscas a partir de descritores indexados pelo Mesh, usados de maneira combinada por meio dos comandos AND ou OR: ("Doping in sport" OR "Doping") AND ("Anabolic agents" OR "Salbutamol" OR "Amphetamine" OR "Drug abuse" OR "Nandrolone decanoate" OR "Androgenic steroids" OR "Growth factors" OR "Adrenergic beta-2 Receptor Agonists" OR "Stimulants" OR "Erythropoietin" OR "Adverse effects"). Foram encontrados 1155 artigos, todos os títulos foram lidos, sendo selecionados 47 estudos por se aproximarem da temática e possuírem metodologias de meta-análise, revisão sistemática e integrativa. Dentre estes, 13 artigos escritos em língua inglesa, disponíveis gratuitamente e pagos, publicados nos últimos 10 anos (período de 2014 a 2024) que melhor abordaram as classes específicas de doping bem como a problemática introduzida neste trabalho foram escolhidos. Os demais artigos foram excluídos devido à falta ou repetição de informações pertinentes ao tema bem como os artigos em duplicidade.
Resultados
A classe S1, que compreende os agentes anabólicos, é radicalmente proibida devido ao seu alto potencial de ganho de força e massa muscular, do mesmo modo, a classe S2, que abrange os hormônios peptídicos e fatores de crescimento, traz exponenciais ganhos de força muscular e fatores de ganho de energia muscular tanto anaeróbica quanto aeróbica. Já as classes S3 e S6, as quais compreendem, respectivamente, beta-2 agonistas e estimulantes, apresentam como principal mecanismo de ação o estímulo neuroendócrino da musculatura de forma mais potente e eficiente, assim potencializando o grau de rendimento dos praticantes de modalidades esportivas em seus treinamentos e em suas competições.
Discussão
Quando provenientes de fontes exógenas, os agentes anabólicos podem desencadear desregulações na homeostase significantes, como dislipidemia, hipertensão, aterosclerose, hepatopatias, hipertrofia miocárdica, infertilidade, além de desordens gastrointestinais e psiquiátricas. Os hormônios peptídicos, por sua vez, podem favorecer processos cancerígenos, eventos trombóticos, aplasia de células vermelhas e anemia grave. O hormônio do crescimento pode acometer diversos sistemas, acarretando edema, dores articulares e musculares, acromegalia, hipertensão, cardiomiopatia, diabetes, além de favorecer processos cancerígenos também. Os beta-2 agonistas e os estimulantes possuem mecanismos de ação similares, assim como seus potenciais efeitos adversos, os quais incluem tremores, taquicardia, hipertensão, arritmia, angina, infarto agudo do miocárdio, edema pulmonar, hiperglicemia, alucinações, ansiedade, entre outros.
Conclusão
A análise das repercussões clínicas do doping mostra que, embora possa melhorar temporariamente o desempenho, os riscos são graves. O doping pode causar problemas de saúde agudos e crônicos, comprometendo a qualidade de vida dos atletas e até levando a complicações fatais. Além disso, os efeitos negativos têm implicações éticas, afetando a integridade do esporte. O estudo ressalta a importância de intensificar a educação sobre os riscos e reforçar medidas de controle e prevenção para proteger a saúde dos atletas e a ética esportiva.
Área
Medicina do Esporte
Autores
Guilherme Dias de Moraes, Carolina da Matta Pincowsky, Paulo José Gomes Puccinelli, Rodrigo César Carvalho Freitas