Dados do Trabalho
Título
Terapias regenerativas em lesões musculoesqueléticas: uma revisão de literatura
Introdução e Objetivo
A prática de atividade física relaciona-se ao aumento do risco de lesões musculoesqueléticas. Dentre os tratamentos não operatórios disponíveis para essas enfermidades inclui-se a Medicina Regenerativa (MR), a qual busca estimular propriedades curativas naturais do corpo, sendo muito utilizada para o retorno precoce ao esporte após lesões. O trabalho possui como objetivo encontrar os principais tipos de técnicas da MR, além de dados referentes a suas aplicações, disponibilidades e benefícios.
Casuística e Método
Revisão narrativa de literatura com o estabelecimento e cruzamento dos descritores em ciências da saúde “medicina regenerativa” e “lesões esportivas” em inglês, na seguinte base de dados: National Library of Medicine (PubMed MEDLINE). Foram considerados artigos compreendidos entre 2018 a 2024.
Resultados
Foram encontradas diversas modalidades de terapia regenerativa disponíveis, as quais estão em fase de desenvolvimento clínico e ainda sob investigação. O tratamento com Plasma Rico em Plaquetas (PRP), o qual é feito a partir de uma centrífuga para concentrar plaquetas do sangue total do paciente, que serão ativadas e fundidas com as membranas celulares. Essas plaquetas levam a ativação de substâncias (Fatores de Crescimento (FC), quimiocinas, interleucinas, proteínas) que se ligam nas células alvo ajudando na reparação, proliferação celular e síntese de colágeno. Algumas áreas de estudo da utilização dessa terapia são: osteoartrite, epicondilite lateral, lesões osteocondrais e distensões musculares grau I ou II, porém não foram vistos benefícios em lesões agudas. A Terapia Gênica (TG), a qual envolve introdução de informação genética (transgene) por meio de vetores não celulares (adenovírus, retrovírus ou plasmídeos) ou implantação após transdução de células com o gene selecionado no tecido hospedeiro, visando a cicatrização do tecido. Essa técnica possui algumas aplicações ainda sob investigação, como: aplicação de condrócitos halogênicos em condições articulares e cicatrização de tendão-osso na reconstrução do ligamento cruzado anterior. E por fim, a Terapia Celular (TC), a qual consiste em duas modalidades de células-tronco adultas indiferenciadas, ambas com células-tronco mesenquimais, porém uma com componentes celulares (os produtos celulares dessa categoria são enxerto adiposo, Fração Vascular Estromal (FVE) e Concentrado de Medula Óssea (CMO), os quais possuem várias células, FC e citocinas e outra mais purificada (retira-se FVE ou CMO), ambas utilizadas para se diferenciarem em células musculoesqueléticas. A TC também inclui a terapia com células totalmente diferenciadas (condrócitos ou tenócitos), com a finalidade de enxertar o tecido, substituir células danificadas e restaurar a homeostase.
Discussão
Terapia com PRP, TG e TC estão disponíveis principalmente quando medidas conservadoras falharam ou o tratamento cirúrgico é contraindicado ou indesejável, sendo medidas que visam soluções mais duradouras para as lesões e não apenas sintomáticas. Dentre elas, a TG, terapia com FVE e produtos de engenharia de tecidos são considerados técnicas avançadas e necessitam de autorização para uso, já CMO e combinações autólogas de FC e citocinas são produtos de baixo risco e amplamente utilizados na prática clínica em alguns países. No geral, possuem resultados promissores, porém há consenso que se tratam de medidas experimentais e que ainda estão sob investigação, sendo o custo-benefício ainda não demonstrado.
Conclusão
Conclui-se que a terapia regenerativa tem ganhado espaço na medicina e no tratamento de lesões relacionadas ao esporte, sendo utilizada conforme indicação e aprovação, a fim de promover um cuidado mais longitudinal e reparador.
Área
Medicina do Esporte
Autores
Giovanna Ribeiro Amaral Carvalho, Matheus Martins Godoy, Renato Ventura, Eduardo Watanabe Castanheira