Dados do Trabalho

Título

O USO DO SNUS ENTRE ATLETAS DE ALTO RENDIMENTO: UMA ANÁLISE DE SEUS IMPACTOS E POSSÍVEIS CONSEQUÊNCIAS NO BRASIL

Introdução e Objetivo

O snus, uma forma de tabaco sem fumaça amplamente utilizada em países nórdicos, tem se popularizado entre atletas de alto rendimento de futebol do campeonato inglês da primeira divisão e outros esportes, devido à sua alegada capacidade de melhorar o foco e a resistência física, sem impactar diretamente o desempenho esportivo. No entanto, os estudos mostram que o uso prolongado de snus está associado a riscos graves à saúde, como dependência, câncer oral e doenças cardiovasculares. O presente estudo visa analisar o uso do snus entre atletas de alto rendimento, considerando seus impactos fisiológicos, éticos e regulatórios, e avaliar as possíveis consequências da sua introdução no brasil.

Casuística e Método

Foi realizada uma revisão integrativa de literatura com protocolo rígido, seguindo as diretrizes PRISMA para revisões integrativas. A pesquisa foi conduzida nas bases de dados PubMed, Scopus e Google Scholar, utilizando descritores controlados do DeCS/MeSH: ‘Tabaco sem Fumaça’, ‘Atletas’, ‘Desempenho Físico’, e ‘Substâncias que Melhoram o Desempenho’. O período de busca abrangeu artigos publicados entre 2010 e 2023. Foram aplicados critérios de inclusão que limitavam a seleção de estudos que envolvem o uso de snus entre atletas, com exclusão de artigos focados em outros tipos de tabaco. No total, foram selecionados 27 artigos para análise.

Resultados

Dos 27 artigos selecionados, 15 indicaram que o uso do snus pode fornecer um aumento temporário no foco e na resistência física dos atletas, embora não haja consenso sobre o impacto no desempenho de longo prazo. Em contrapartida, 18 artigos evidenciaram os riscos de longo prazo, como o aumento da incidência de doenças cardiovasculares e cânceres orais, além do potencial para dependência severa de nicotina. Além disso, 10 estudos abordaram a regulamentação de tabaco sem fumaça, com destaque para a proibição em grande parte da União Europeia, exceto na Suécia, e as políticas antidoping da WADA, que ainda não proíbem o uso de snus. No Brasil, o snus permanece proibido, mas a popularização dessa substância poderia impactar tanto a saúde pública quanto o controle antidoping.

Discussão

Os estudos sugerem que, apesar de alguns benefícios percebidos por atletas no curto prazo, o uso do snus envolve graves riscos à saúde, especialmente em longo prazo. No Brasil, onde o controle de substâncias como o tabaco sem fumaça é rigoroso, a introdução do snus traria desafios tanto para a regulação esportiva quanto para a saúde pública. Além disso, a ausência de uma regulamentação clara sobre o snus por parte da WADA e de políticas nacionais específicas levanta questões sobre a necessidade de se debater mais profundamente o uso dessa substância em competições esportivas. Seria crucial integrar essas discussões às políticas antidopings brasileiras para manter a integridade do esporte.

Conclusão

O uso do snus entre atletas de alto rendimento representa um risco significativo à saúde e à ética esportiva. Sua possível introdução no Brasil exige medidas rigorosas para garantir que a saúde dos atletas seja preservada e que as competições esportivas se mantenham justas. A conscientização sobre os efeitos adversos do snus e o desenvolvimento de políticas claras sobre o seu uso devem ser prioridades para as autoridades esportivas e de saúde pública no país.