Dados do Trabalho


Título

A Efetividade da Análise de Biomarcadores em Atletas na Síndrome de Overtraining

Introdução e Objetivo

Todo atleta está suscetível a apresentar a síndrome do overtraining; quando ocorre uma queda no desempenho a longo prazo, resultante de um provável desequilíbrio entre a carga e a recuperação. Devido à exposição ao risco do overtraining em diversas classes de atletas, profissionais estão sempre em busca de atualizações sobre prevenção, diagnóstico precoce e tratamento para a síndrome. Sendo a prevenção formada por um grande escopo de monitorização; como a nutrição, status de hidratação, status muscular, marcadores cardíacos, riscos de lesão renal e marcadores inflamatórios. O trabalho tem como objetivo analisar as evidências científicas acerca da prevenção e diagnóstico precoce da síndrome de overtraining em atletas.

Casuística e Método

Refere-se à uma revisão sistemática seguindo os passos recomendados pelos Principais Itens para Relatar Revisões Sistemáticas e Meta-análises - PRISMA. Para a revisão de literatura, foi utilizado o método PICO, em que a questão norteadora para a pesquisa foi: “Quais biomarcadores podemos utilizar para uma possível prevenção e diagnóstico precoce da síndrome de overtraining?” Para responder à questão, foram utilizados estudos em bancos de dados como Scielo, USP, PubMed, BVL Saúde, Google acadêmico, utilizando descritores em português e inglês, e consequentemente artigos encontrados nos bancos de dados supracitados.

Resultados

Poffé, C et al.analisou dois grupos sendo o primeiro recebendo a intervenção com cetonas orais (KE) e o segundo grupo controle (CON). Esse estudo avaliou a hipótese das cetonas orais atenuar o overreaching e overtraining através de alguns biomarcadores. Os níveis plasmáticos de IL-6 foram semelhantes entre os dois grupos no pré-teste (KE: 0,68 ± 0,06 vs. CON: 0,85 ± 0,12 pg/ml; P = 0,71) e manteve-se constante ao longo do estudo em ambos os grupos. O GDF15 sérico mostrou um aumento progressivo ao longo do período de treinamento em todos os participantes (P < 0,001), sendo que o incremento foi mais acentuado no grupo CON comparado ao grupo KE (P < 0,05). No pós-teste, os níveis séricos de GDF15 foram significativamente menores no grupo KE (361 ± 19 pg/ml) em relação ao grupo CON (435 ± 29 pg/ml, IC de 95% para KE vs. CON: −17 a −133 pg/ml, P < 0,05, d = 0,91).

Discussão

O controle de danos teciduais através de biomarcadores não permite resultados completamente seguros, não enquanto utilizados singularmente, sem ajuda de outros parâmetros e de características clínicas de cada atleta. Como exemplo, temos a molécula interleucina-6 (IL-6) que demonstra um processo inflamatório em atividade, mas pouco diz sobre esse processo, se é crônico ou não. Para melhores respostas sobre um possível quadro de overtraining, seria adequado a dosagem de outros fatores, como: GDF15, marcadores endocrinológicos (desregulação de testosterona e cortisol, por exemplo), a dosagem de CK para mensurar danos musculares, estado de hidratação do atleta (sódio plasmático, massa corporal) e riscos de injúria renal. Dessa maneira, a dosagem dos múltiplos biomarcadores em conjunto permitem uma análise mais coerente e fidedigna.

Conclusão

A dosagem de biomarcadores associada a uma boa análise clínica do atleta, pode nos dizer sobre uma síndrome de overtraining em andamento. Entretanto, há diversos fatores que implicam na qualidade dos resultados. Desde o momento em que é realizada a coleta dos biomarcadores, até o momento da análise dos resultados. Para uma avaliação efetiva, os marcadores devem estar diversificados em algumas classes. Sendo essas classes: biomarcadores musculares, de transporte de oxigênio, nutricional, de hidratação, de inflamação, de alergias. A dosagem intervalada e contínua faz com que o profissional perceba um padrão individualizado de cada atleta; melhorando o rastreamento e a percepção do que é agudo e do que é crônico. Cada atleta deve ter seu painel de biomarcadores prioritário, com um acompanhamento longitudinal e integrado entre diversos fatores e profissionais.

Área

Medicina do Esporte

Instituições

UNINOVE - São Paulo - Brasil

Autores

Mohamad Adnan Moussa, Maria Clara Tosatto Silva , Matheus José de Freitas Paciencia, Camilla Rodrigues Pereira da Silva