Dados do Trabalho
Título
PNEUMOTÓRAX TRAUMÁTICO SECUNDÁRIO A COLISÃO CORPO A CORPO DURANTE PARTIDA DE FUTEBOL: RELATO DE CASO
Introdução e Objetivo
O futebol é um esporte de contato complexo que envolve riscos significativos, apresentando taxas relativamente elevadas de lesões entre os jogadores. Embora o pneumotórax não seja uma ocorrência comum, há registros de sua manifestação em atividades atléticas. O pneumotórax é caracterizado pelo acúmulo de ar no espaço pleural, que se localiza entre a pleura parietal e a pleura visceral. Esse quadro clínico pode ser classificado em duas categorias: pneumotórax primário (ou espontâneo), que ocorre na ausência de doenças pulmonares ou outros fatores precipitantes clinicamente evidentes, e pneumotórax secundário, que se apresenta em pacientes com condições pulmonares subjacentes ou como consequência de trauma. Diante do exposto, o objetivo deste estudo é relatar um caso clínico de pneumotórax traumático que ocorreu durante uma partida de futebol na cidade de Salvador - Bahia, visando elucidar sua evolução e manejo clínico.
Casuística e Método
Trata-se de um relato de caso de um atleta de futebol profissional, sexo masculino, 33 anos, que deu entrada em serviço de emergência de um hospital privado localizando em Salvador - Bahia, regulado por ambulância, devido a quadro de dor torácica e dispneia ventilatório dependente após colisão corpo a corpo com oponente durante partida de futebol de campeonato profissional. Ao exame físico, o paciente se apresentava normocorado, afebril, Glasgow 15, pupilas isofotorreagentes, vígil, colaborativo, sem estigmas de crises convulsiva, bulhas rítmicas normofonética em 2 tempos, sem sopro, murmúrio vesicular diminuído em hemitórax direito, sem ruído adventícios com expansibilidade reduzida e presença de hipertimpanismo em hemitórax ipsilateral, demais sistemas, sem alterações dignas de nota. Devido ao quadro clínico, foi realizada uma tomografia computadorizada de tórax sem contraste a qual evidenciou moderado pneumotórax à direita e fratura do sexto arco costal direito, sem desnível significativo, com focos gasosos em permeio.
Resultados
A partir do resultado da tomografia de tórax, a equipe médica optou por realizar uma drenagem torácica em selo d'água, a qual trouxe maior conforto respiratório, além de iniciar analgesia com anti-inflamatórios e opioides. Posteriormente, foi evidenciado a necessidade de suporte na unidade de terapia intensiva, iniciando imediatamente fisioterapia respiratória. Após 4 dias de internação, o paciente cursou com melhora do quadro clínico, evoluindo com alta hospitalar. Em domicílio, acompanhado pelo departamento médico do time que detinha contrato, manteve fisioterapia e após 30 dias retornou aos treinos físicos de forma progressiva e sem contato. O retorno para as atividades de contato, foi permitido com 6 semanas após exames de controle.
Discussão
O pneumotórax traumático é uma condição rara, ocasionalmente observada em atletas. Embora, em geral, não sejam fatais, essas condições podem resultar em óbito se não forem diagnosticadas e tratadas de maneira adequada. Portanto, é crucial que o diagnóstico e o tratamento sejam realizados o mais precocemente possível. A evolução dessas condições pode variar significativamente, dependendo das particularidades de cada paciente, podendo ocorrer tanto uma progressão rápida e positiva quanto uma deterioração do quadro clínico.
Conclusão
O pneumotórax traumático pode ser facilmente reconhecida através dos exames clínico e radiológico. Nesse caso, deve-se ponderar este diagnóstico diferencial em atletas que são submetidos a colisões e que cursem com dispneia e dor torácica. A identificação e o manejo adequados dessa condição clínica são essenciais, recomendando-se a realização da drenagem torácica, bem como medidas não farmacológicas, farmacológicas e/ou cirúrgicas.
Área
Medicina do Esporte
Autores
MARCELO JORGE MELO SANTOS FILHO, RAFAELA LEAL DÉDA GONÇALVES, LUÍS FILIPE DANEU FERNANDES