Dados do Trabalho


Título

Atuação da cannabis no alívio da síndrome compartimental crônica em atletas

Introdução e Objetivo

O canabidiol (CBD) e o tetrahidrocanabinol (THC) são substâncias químicas encontradas na planta da cannabis sativa, a qual possui compostos químicos que podem ser usados em medicamentos, atuando no sistema endocanabinóide (ECS). Os efeitos adversos são derivados do THC, responsáveis por efeitos psicóticos, porém o uso para fins curativos abrangem as propriedades químicas do canabidiol, surtindo efeito terapêutico em diversos aspectos como dor crônica, recuperação muscular e propriedades anti inflamatórias, motivando o estudo desses compostos em atletas. A atividade física extenuante e repetitiva pode acarretar no rompimento de miócitos, provocando extravasamento de água do sangue arterial para o compartimento, instalando-se a síndrome compartimental crônica (SCC), definida como o aumento da pressão dentro de um compartimento fascial, evoluindo com hipóxia, sendo agravante para isquemia local. Em atletas, a SCC comumente é crônica e manifesta-se após atividade física intensa e repetitiva e alivia-se com descanso e recuperação adequada. O objetivo deste estudo foi revisar a aplicabilidade da cannabis e seus efeitos terapêuticos em atletas acometidos por síndrome compartimental crônica em membros inferiores.

Casuística e Método

Foi realizada uma revisão de literatura nas bases de dados PubMed e Scielo através da leitura e estudo de 16 artigos.

Resultados

Melhores respostas às dores e recuperação de lesões têm sido observadas com o uso do canabidiol (CBD) por atletas. O CBD inclui propriedades anti-inflamatórias, que atuam no alívio da artrite e comportamentos relacionados à dor, bem como a recuperação pós-exercício.

Discussão

O diagnóstico de síndrome compartimental é dado através do histórico do paciente. Dor e tensão muscular durante a atividade física em localização específica são sintomas essenciais. Quanto a SCC, a medida da pressão intracompartimental não se faz necessária, mas 5 pontos são destacados para o diagnóstico: prática de atividades físicas que requeiram ativação repetitiva dos mesmos grupos musculares; dor durante o exercício; tensão muscular no exercício; cessação da prática para evitar a dor; indução dos sinais e sintomas por testes provocativos durante o exame físico. O tratamento pode ser conservador, principalmente pela fisioterapia ou cirúrgico, através de uma fasciotomia. O uso de cannabis e seus derivados vêm sendo estudados no manejo de dor crônica, podendo ser usado como terapia adjuvante. O uso de cannabis, particularmente CBD (canabidiol), mostrou potencial para ajudar na gestão da dor e na redução da inflamação em contextos esportivos. No entanto, os dados sobre a eficácia do THC (tetra-hidrocanabinol) são mais variados, com alguns estudos indicando benefícios para a dor crônica, enquanto outros apontam efeitos adversos ou controversos. A pesquisa também destacou que o CBD pode auxiliar na recuperação muscular e melhorar o sono, o que é crucial para a performance atlética e a recuperação pós-exercício.

Conclusão

O canabidiol apresentou viabilidade clínica para o tratamento da dor em diversas pesquisas, se mostrando eficaz para uso no futuro, porém, percebe-se que estudos mais detalhados devem ser feitos para evitar-se efeitos adversos não conhecidos e para criar normas de formulação. Há uma necessidade de maximizar a pesquisa clínica e o benefício do paciente, de forma segura, cautelosa e ética, para que os pacientes para os quais a cannabis se mostra eficaz possam acessá-la.

Área

Medicina do Esporte

Instituições

Universidade Nove Julho - São Paulo - Brasil

Autores

Vitória dos Santos Soares Tedeschi, Carolina Santos Micherif, Fernanda Giacomel, Marielly Alves Silveira, Natália Barletta Cuoco, Natália Louro Romano