Dados do Trabalho

Título

O Papel da Leptina na Amenorréia em Mulheres Atletas: O Impacto do Exercício Físico Intenso no Sistema Reprodutivo

Introdução e Objetivo

A leptina, hormônio secretado pelo tecido adiposo, tem ação adipostática sobre o sistema nervoso central e desempenha um papel crucial no sistema reprodutor feminino. Ela atua como um indicador dos estoques de energia, além de ajudar a regular a secreção de hormônios reprodutivos, como LH e FSH, essenciais para o ciclo menstrual. Alterações nos níveis de leptina, especialmente em mulheres atletas que praticam exercícios intensos ou com baixo peso, podem resultar em amenorréia, uma condição caracterizada pela interrupção do ciclo menstrual devido à disfunção hormonal. Busca-se compreender como a prática de exercícios físicos intensos pode afetar a secreção de leptina e, consequentemente, contribuir para o desenvolvimento de amenorréia e outras disfunções hormonais no sistema reprodutor feminino.

Casuística e Método

Foram realizadas buscas nas bases de dados Pubmed, Up to Date e LILACS usando os descritores: “leptina, exercício físico e menstruação” ; “amenorreia e exercício físico” e “atletas de alto nível e leptina”. Os textos aceitos foram em inglês e português, no período de 2014 a 2024, e excluídos aqueles que não se relacionavam diretamente com o tema.

Resultados

A diminuição na quantidade de tecido adiposo, consequência de uma baixa disponibilidade energética, reduz a produção de leptina. O corpo interpreta a falta de leptina como um sinal de que não há energia suficiente para manter funções reprodutivas, resultando na supressão da ovulação e menstruação. Atletas de alto rendimento com amenorréia apresentam concentrações de leptina consideravelmente menores em comparação com mulheres fisicamente ativas que mantêm ciclos menstruais regulares. Além disso, observou-se que, durante a puberdade, há uma correlação direta entre os níveis de leptina e a quantidade de gordura corporal. Meninas que atingiram a puberdade exibem uma maior produção de leptina devido ao aumento do tecido adiposo. Contudo, em atletas pós-púberes que praticam exercícios físicos intensos, essa relação é alterada. Adolescentes com menarca tardia e menor índice de gordura corporal apresentam uma secreção reduzida de leptina, o que contribui para a presença de amenorreia. A restrição energética e o exercício físico excessivo afetam diretamente os hormônios envolvidos no controle do apetite e do metabolismo, contribuindo para a disfunção menstrual.

Discussão

Os achados deste estudo reforçam o papel da leptina na regulação do ciclo menstrual, particularmente em mulheres praticantes de exercício físico intenso. A leptina atua como um mediador entre o estado nutricional e o eixo hipotálamo-hipófise-ovariano, indicando os níveis de energia necessários para o funcionamento adequado do sistema reprodutivo feminino. É amplamente reconhecido que, quando o exercício físico intenso associado à baixa ingestão alimentar resulta em um balanço energético negativo, com redução dos níveis de leptina, impactando as secreções de hormônios hipotalâmicos. Resultando em uma amenorreia hipotalâmica funcional. A associação entre baixos níveis de leptina e a interrupção do ciclo menstrual parece ser particularmente evidente em mulheres com um histórico de exercício físico extenuante e dietas restritivas.

Conclusão

A amenorréia em mulheres atletas pode ser atribuída a um desequilíbrio energético causado por exercícios físicos intensos e baixos níveis de gordura corporal, que resultam na redução dos níveis de leptina. A prática intensa de exercícios físicos resulta na diminuição dos níveis de leptina afetando os níveis de hormônios secretados no eixo hipotálamo-hipófise. Assim, o hormônio das células de gordura pode ser um marcador precoce para identificar mulheres em risco de desenvolvimento de amenorréia principalmente atletas e monitorar seus níveis pode ajudar a identificar precocemente mulheres em risco de amenorreia induzida pelo exercício.