Dados do Trabalho


Título

Diferenças no ritmo da corrida de 5 km entre triatletas masculinos e femininos

Introdução e Objetivo

A participação em esportes de resistência, como o triatlo, tem crescido significativamente nos últimos anos. Embora as mulheres agora componham entre 25% e 40% dos participantes dessas competições, elas ainda estão sub-representadas tanto no âmbito esportivo quanto na ciência do exercício. Essa questão é relevante, pois existem diferenças significativas entre os sexos no desempenho em esportes de resistência. Fatores fisiológicos e morfológicos, como o menor consumo máximo de oxigênio (V̇O2max), menor massa muscular e força nas mulheres, podem explicar, em parte, o desempenho superior dos homens. Durante uma prova de triatlo na distância do Ironman, a estratégia de ritmo no segmento da corrida varia significativamente entre homens e mulheres. No entanto, ainda não está claro o efeito do sexo na manutenção do ritmo da corrida em provas de triatlo de distâncias mais curtas. Este estudo comparou a estratégia de ritmo entre triatletas amadores masculinos e femininos durante a corrida de 5 km, realizada após um ciclismo de 20 km (distâncias típicas de um triatlo sprint).

Casuística e Método

Participaram do estudo 32 triatletas, sendo 16 homens (34,7 ± 7,5 anos) e 16 mulheres (39,5 ± 7,7 anos). Todos passaram por um teste de esforço incremental, utilizando um analisador de gases Quark (Cosmed, Italy) para medir o consumo máximo de oxigênio (V̇O2max) e uma avaliação da composição corporal, que foi mensurada utilizando um sistema de absorciometria de raios X de dupla emissão (DEXA, GE, USA). Além disso, a potência de limiar funcional (Functional Threshold Power - FTP) também foi avaliada no cicloergômetro New Excalibur Sport (Lode, Nederlands). Os participantes pedalaram 20 km a 90% do FTP e, em seguida, correram 5 km o mais rápido possível em uma pista oficial de atletismo (12,5 voltas de 400m). O ritmo de corrida de cada volta foi mensurado.

Resultados

O tempo total para percorrer os 20 km foi aproximadamente 11% menor nos homens do que nas mulheres (p < 0,001). Da mesma forma, o tempo gasto para correr os 5 km foi cerca de 11% menor nos homens do que nas mulheres (p = 0,006). O tempo de transição entre o ciclismo e a corrida foi maior nas mulheres do que nos homens (p = 0,002). Os homens correram os últimos 600 m dos 5.000 m significativamente mais rápido do que os primeiros 4.400 m (p < 0,05), enquanto as mulheres mantiveram um ritmo constante ao longo de toda a corrida (p > 0,05).

Discussão

Os principais achados deste estudo foram que (i) atletas do sexo masculino correm em um ritmo constante até a volta 11, (ii) o ritmo dos últimos 600 m foi mais rápido do que o das voltas 4, 6, 7, 8, 9, 10 e 11 para os triatletas do sexo masculino, (iii) As triatletas do sexo feminino correm em um ritmo constante durante todos os 5 km. Esses resultados confirmam a hipótese inicial do estudo de que triatletas do sexo masculino e feminino variam o ritmo de forma diferente durante a corrida de 5 km precedida por um ciclismo de 20 km. A maioria dos estudos com triatlo que investigaram diferenças entre os sexos geralmente consideravam o desempenho geral. Na distância do triatlo Ironman, o desempenho em 3,8 km de natação, 180 km de ciclismo, 42 km de corrida e tempos totais foram 12, 15, 18 e 16%, respectivamente, entre os triatletas de elite masculino e feminino. Na distância olímpica para os triatletas de elite, diferenças do sexo de 18,5% na natação, 15,5% no ciclismo, 18,5% na corrida e 17,1% no tempo total do evento foram relatadas. Para as distâncias mais curtas, como o triatlo sprint (750 m, 20 km, 5 km), a diferença no desempenho entre os sexos parece ser ainda maior para os triatletas profissionais e amador.

Conclusão

Além das diferenças do desempenho entre os sexos em eventos de triatlo de curta duração, a estratégia do ritmo também foi diferente entre homens e mulheres. As mulheres realizam a corrida de 5 km de forma constante, enquanto os homens aumentam significativamente seu ritmo no final da corrida.

Área

Medicina do Esporte

Autores

Vinicius Ribeiro Anjos Souza, Lavinia Vivan, Paulo Engelke, Claudio Andre Barbosa Lira, Rodrigo Luiz Vancini, Marilia Santos Andrade