Dados do Trabalho
Título
Aumento das corridas de rua e suas lesões ortopédicas: revisão sistemática.
Introdução e Objetivo
A corrida tornou-se uma atividade esportiva e recreativa popular, cresceu cerca de 20% de 2022 para 2023, alcançando 13 milhões de corredores brasileiros em 2024. No entanto, essa popularidade traz um aumento significativo nas lesões ortopédicas, afetando entre 21,5% a 87% dos corredores, especialmente aqueles que treinam mais de 32 km por semana. Um estudo em Aracaju/SE mostrou que 28% dos corredores sofreram lesões em um período de 12 meses, destes, 64% tinha orientação profissional. Esta revisão sistemática visa analisar a relação entre o aumento das corridas e as lesões ortopédicas, com foco na importância da prevenção.
Casuística e Método
Com o aumento das corridas de rua, houve um crescimento nas lesões ortopédicas relacionadas ao esporte. Nesse contexto, foram selecionados 30 artigos (2011-2024), nas bases de dados Pubmed e Scielo, com as palavras-chave "corrida de rua", "lesão ortopédica" e "recuperação atletas corrida". A análise qualitativa desses estudos identificou padrões, tendências e estratégias para a prevenção das lesões.
Resultados
Os estudos selecionados incluíram intervenções de treinamento, de recuperação e prevenção de lesões em corredores de rua, sendo os mesmos experimentais ou revisões da literatura. Quanto ao primeiro grupo, os níveis de evidência variam de II a IV. Ao comparar e analisar os dados, observou-se aumento no número de corredores de ruas, a maioria com até 3 anos de prática. Apesar de mais de 50% estarem sob orientação de profissionais multidisciplinares, a taxa de lesão variou entre 21,5 a 87%, a depender do grupo populacional e da quilometragem semanal percorrida.
Estudos como o de Fernandes D et al. determinam que há relação direta entre o volume e frequência dos treinos com a incidência de lesão em corredores amadores. Por outro lado, Zhang et al. observou apenas a melhora na fadiga muscular quando realizados alongamentos antes e após corridas de longas distâncias, como maratonas.Mas nenhum afirmou relação com fortalecimento muscular.
Discussão
O número de corredores no Brasil cresceu 13% em 2024, atingindo 13 milhões de praticantes, mas esse aumento trouxe uma maior incidência de lesões ortopédicas. Fernandes, D, et al. e Hootman et al. observaram que a frequência e o volume de treinos, especialmente acima de 32 km semanais, aumentam o risco de lesões em corredores amadores.
No estudo experimental de Rodrigues, R C, et al., que incluiu corredores de rua com no mínimo dois meses de experiência e pelo menos 1 treino na semana, 64% receberam orientação profissional, e 28% apresentaram lesões em 12 meses, principalmente nos joelhos (32%), seguidas por lesões nos pés, tornozelos e quadris.
O autor Yu’an Sun destacou a importância do fortalecimento muscular para proteger articulações, enquanto Besomi, M., et al. afirmou que 43,1% dos 821 corredores estudados sofreram lesões no último ano. O estudo sugere que a prevenção de lesões varia conforme o nível de experiência, para iniciantes, recomenda descanso, calçado adequado e alongamentos, enquanto para corredores mais avançados, enfatiza técnica de corrida, preparação física, alongamentos, técnicas de soltura muscular e correr em superfícies de menor impacto.
Conclusão
Compreender os fatores que aumentam as lesões é essencial para a prevenção, já que a maioria resulta de fatores extrínsecos combinados, como o volume semanal de treino e o calçado utilizado. Para evitá-las, é importante melhorar a técnica, a qualidade física, treinamento e alongamento. No entanto, não há evidências diretas de que o fortalecimento muscular reduz lesões, indicando a necessidade de mais estudos quanto a essa prática.
Área
Medicina do Esporte
Instituições
Unifenas-BH - Minas Gerais - Brasil
Autores
Isabela Santos Alves Cruz, Amanda Najar, Luana Scherpinski Torres