Dados do Trabalho

Título

Características nutricionais e perfil bioquímico de ratos submetidos a treinamento intervalado e suplementação com creatina

Introdução e Objetivo

O treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT) pode ser uma estratégia para promoção de saúde, enquanto a suplementação nutricional com creatina pode melhorar a capacidade de realização de exercícios de alta intensidade e curta duração. Entretanto, pouco se sabe sobre o impacto do HIIT sobre o comportamento nutricional e metabólico, especialmente quando associado ao uso de creatina. O objetivo deste trabalho foi analisar as características nutricionais e perfil bioquímico sérico em resposta à prática de HIIT e suplementação com creatina.

Casuística e Método

Ratos Wistar machos (n=48) foram distribuídos em quatro grupos: controle (C), controle e creatina (CC), HIIT (H) e HIIT combinado a creatina (HC). Durante 12 semanas, os animais C e H receberam dieta comercial, enquanto CC e HC receberam ração suplementada com creatina monohidratada 2%; os grupos H e HC realizaram um protocolo de HIIT em esteira rolante (5x/semana). A seguir, os animais foram eutanasiados. Foram avaliados consumo e eficiência alimentar, comprimento naso-anal, peso corporal, ganho de peso, índice de massa corporal (IMC) e índice de Lee. A adiposidade foi avaliada pela mensuração de tecido adiposo retroperitoneal e epididimal (gordura branca) e do sítio subescapular (gordura marrom). Amostras de sangue foram utilizadas no estudo do perfil bioquímico sérico. Análise estatística: Two-Way ANOVA e teste de Tukey. CEUA: 1246/2022.

Resultados

No contexto nutricional, consumo alimentar e energético, assim como eficiência alimentar, (C, 0,09±0,01; CC, 0,11±0,01; H, 0,08±0,02; HC, 0,09±0,01), foram reduzidos em resposta ao HIIT (p<0,001) e à suplementação com creatina (p=0,002) de forma isolada. Comprimento, peso corporal, IMC e ganho de peso (C, 188±15; CC, 201±23; H, 150±27; HC, 148±25g) foram reduzidos em resposta ao HIIT (p<0,001). Índice de Lee foi maior nos grupos CC e HC do que em C e H (p=0,049). Em termos de composição corporal, a adiposidade branca foi menor nos animais que receberam dieta comercial do que nos suplementados, e nos treinados quando comparados com os sedentários (p<0,001). Os resultados de adiposidade marrom (C, 0,16±0,04; CC, 0,19±0,03; H, 0,17±0,03; HC, 0,16±0,04) não foram diferentes entre os grupos. Sobre o perfil bioquímico sérico, os níveis de glicose e creatinina não diferiram entre os grupos. Colesterol total (C, 58,0±5,2; CC, 56,9±7,1; H, 53,5±6,1; HC, 52,3±8,5 mg/dl) e albumina foram diminuídos em resposta ao HIIT. Triglicérides foi maior em CC do que C e HC (C, 40,1±5,9; CC, 54,0±21,3; H, 45,4±16,5; HC, 40,4±6,5 mg/dl), enquanto os níveis de proteínas totais foram maiores nos treinados do que nos sedentários.

Discussão

O menor peso e variação de peso ao final do experimento corrobora com o consenso de que a prática regular de exercício físico pode alterar a composição corporal, resultando em redução de massa gorda e melhora do perfil lipídico, como observado nos animais treinados quando comparados aos sedentários. A alteração de apetite não tem um consenso na literatura. Entretanto, sabe-se que a prática de exercício pode causar maior liberação de hormônios anorexígenos, ocasionando um menor consumo alimentar. A suplementação de creatina monohidratada 2% resultou em um menor consumo alimentar e energético, mas uma maior eficiência alimentar e energética, possivelmente devido à composição bromatológica da ração suplementada, que apresenta maior porcentagem de gordura e proteínas quando comparada à ração comercial padrão.

Conclusão

Em conclusão, a suplementação com creatina resultou em maior índice de Lee, adiposidade branca e triglicérides. O treinamento isolado resultou em menor consumo alimentar e menores taxas de ganho de peso e comprimento final, IMC, albumina e colesterol total, acompanhado de maiores níveis de proteínas totais.