Dados do Trabalho
Título
PAPEL DO VO2 máx. NAS DIFERENÇAS FISIOLÓGICAS E POSSÍVEIS VANTAGENS EM ATLETAS TRANSEXUAIS: UMA REVISÃO INTEGRATIVA.
Introdução e Objetivo
O consumo máximo de oxigênio, (VO2 máx.), é um dos principais determinantes de desempenho em esportes, especialmente de resistência. Em atletas transexuais, a influência do VO2 máx. no desempenho esportivo traz controvérsias, pois a transição de gênero envolve mudanças hormonais significativas. Homens normalmente superam as mulheres em 10% a 31.9%, em eventos dependentes de potência muscular, força, velocidade e/ou resistência. A Declaração de consenso do Colégio Americano de Medicina Esportiva (ACSM) ressalta os fatores fisiológicos determinantes na diferença de performance entre sexos:1- Consumo máximo de oxigênio (VO2max) que depende do volume total de sangue, do tamanho/massa/complacência cardíaca e do volume sistólico, além da frequência cardíaca máxima e, na periferia, do fluxo sanguíneo do músculo esquelético, da densidade capilar e do conteúdo mitocondrial. 2- O músculo esquelético maior dos homens cujas fibras musculares que têm uma área de seção transversal maior possuem maior quantidade de fibras do tipo II. 3- Potência anaeróbica máxima. 4- Capacidade glicolítica do músculo esquelético. 5- Relação maior entre potência (anaeróbica ou aeróbica) e massa corporal do que as mulheres, associado a maior massa corporal magra, apesar de menos gordura corporal. 6- Maior massa de hemoglobina. 7- Diferença de sexo no metabolismo energético: utilização de carboidratos, proteínas e oxidação de gorduras. 8– Diferenças resultantes do desenvolvimento como maior massa ventricular (coração) e volumes cardíacos maiores; vias respiratórias e pulmões maiores; maior altura do corpo; e membros mais longos. Após todas essas diferenças fisiológicas entre homens e mulheres cis, este estudo busca analisar a importância do VO2 máx. como fator de previsão do desempenho no esporte estabelecida, podendo trazer esclarecimento dentro do contexto de inclusividade no esporte.
Casuística e Método
Realizou-se uma revisão integrativa de artigos extraídos das plataformas de busca (PubMed, MedLine, LILACS via BVS e SciELO) utilizando os descritores padronizados “transexuais” e “esportes” nos idiomas inglês, português e espanhol. Extraídos 24 artigos, selecionados por se tratarem de revisões sistemáticas, artigos de revisão e meta-análises produzidas nos últimos cinco anos (2019 a 2023). Artigos mais antigos foram utilizados para explicar conceitos. Foi utilizado como fator de inclusão artigos que abordavam a temática de VO2. Excluíram artigos que, pelo título, não abordavam a temática proposta.
Resultados
Resultados mostraram que a redução nos níveis de testosterona em mulheres trans, ao longo da transição, culminou em queda do VO2 máx. Já homens transexuais, o uso de testosterona aumentou a massa muscular e o VO2 máx. próximo dos padrões em homens cis. Contudo, considerou-se as variações individuais críticas, como, tempo de terapia hormonal e treinamento físico.
Discussão
A regulamentação relativa à participação de transgêneros no esporte é um debate em andamento, O papel da testosterona no tecido muscular e componentes hematológicos alterando o VO2 máx. nos indivíduos é claro, porém a performance esportiva e as diferenças entre os gêneros é multifatorial e não pode ser explicada apenas por variações do VO2 máx. influenciado exclusivamente pela testosterona, como estabelecido pelo ACSM há outras diferenças fisiológicas.
Conclusão
Apesar de haver alterações nos parâmetros de força, hematócrito, hemoglobina e VO2 máx. com a terapia hormonal, dados são conflitantes e indicam que em 1 ano de hormonioterapia se mantém diferenças entre mulher cis e trans. Continuam a existir questões fundamentais para a realização de estudos longitudinais de elevada qualidade, bem controlados e com impacto, sobre a trajetória das alterações de desempenho em atletas trans e os mecanismos fisiológicos e anatômicos envolvidos.
Área
Medicina do Esporte
Instituições
UNIUBE - Minas Gerais - Brasil
Autores
Vitor Pegorer Bilharinho, ÁLVARO ANANIAS COUTO CAMPOS, HEITOR SILVA FERNANDES, ISABEL CRISTINA DE FREITAS